Christian Hyldahl (BlackRock): “A sustentabilidade vai forçar grandes mudanças na alocação de capital”

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Créditos: Alyani Yang (Unsplash)

Todos os anos, na era das taxas baixas, a construção de carteiras torna-se cada vez mais complexa. Fala-se muito da morte da carteira tradicional 60-40, mas talvez não o suficiente sobre o que realmente significa. Estamos a falar de que 40% desses investimentos não só não darão um retorno positivo, como, em muitos casos, nem sequer oferecem proteção contra as correções.

Mas o desafio da indústria de gestão de ativos não se limita apenas à complexidade dos mercados, ressalta Christian Hyldahl, diretor da BlackRock para a Europa Continental. As gestoras estão a notar a pressão da digitalização.  Para dar alguns números, foram abertas 3,5 milhões de novas contas em plataformas de corretagem digital na Alemanha e no Reino Unido. A isto soma-se o potencial de crescimento da assessoria por comissões. “Todo o pano de fundo da indústria está a mudar”, reconhece o especialista.

O imparável ISR

E nem sequer falámos sobre o mais importante impulsionador da mudança: o investimento sustentável. Para Hyldahl, a sustentabilidade não é uma questão que possa ser ignorada. “A sustentabilidade vai forçar grandes mudanças na alocação de capital”, prevê. É, na sua opinião, a maior mudança na indústria que viveremos nas nossas vidas.

É algo que já pode ser percebido em conversas com os clientes. Ursula Marchioni, head of Analytics and Portfolio Solutions da BlackRock para a EMEA, diz que não há nenhuma conversa que tenha com um cliente que de alguma forma não toque em investimentos sustentáveis. E o ponto-chave está na forma como a abordam. “Há três anos, as discussões eram mais sobre produtos concretos. Agora a sustentabilidade está a ser incorporada de cima para baixo nas carteiras”, afirma. Há apenas uma minoria de clientes e gestoras que não têm qualquer tipo de compromisso sustentável. Muitos estão em transição para emissões líquidas de carbono zero.

E vai continuar a crescer. Marchioni mediu recentemente a temperatura de um grupo de gestores de banca privada. 75% disseram que planeavam usar blocos de construção sustentáveis para a parte core das suas carteiras.