O gestor e analista sénior da Vontobel destaca que a sua estratégia focada em quality growth tem demonstrado menor volatilidade e menos drawdowns do que o mercado graças ao seu foco em empresas com fossos competitivos sólidos.
A procura por empresas de qualidade passou por uma transformação significativa nos últimos anos. A exposição a setores tradicionais, como os produtos básicos de consumo, deu lugar a uma maior presença da tecnologia e da indústria, onde se encontram modelos de negócio mais previsíveis com receitas recorrentes.
Chul Chang, gestor do fundo Vontobel US Equity, com Rating FundsPeople em 2024, comenta que a estratégia de quality growth da Vontobel tem demonstrado consistentemente menor volatilidade e menos drawdowns do que o mercado, graças ao seu foco disciplinado em empresas com barreiras à entrada competitivas sólidas e modelos de negócio previsíveis.
Garantir a estabilidade sem depender de índices
Para a Vontobel, a diversificação é um elemento central do seu processo de gestão. Chang explica que a abordagem agnóstica ao índice permite que o fundo selecione empresas fora dos índices de referência típicos, como o S&P 500. “Cerca de 10% das empresas na nossa carteira não está no benchmark”, diz Chang, destacando a amplitude do seu universo de investimentos.
Essa estratégia evita concentrações de risco, considerando um espetro mais amplo de oportunidades, o que resulta numa carteira menos volátil. “A nossa abordagem procura empresas previsíveis, de alta qualidade e com baixo beta que suavizem o trajeto do portefólio", acrescenta Chang. A filosofia da Vontobel, focada em empresas com crescimento sustentável e previsível, permite uma menor exposição a flutuações repentinas do mercado e um caminho mais estável para os investidores.
Reduzir os riscos desde o início
Embora os modelos quantitativos de risco não integrem a análise central, a Vontobel usa indicadores quantitativos para filtrar as empresas numa primeira etapa. O profissional menciona que o processo considera métricas estáveis, como o return on equity (ROE) e margens sólidas, que historicamente têm mostrado ser um preditor de empresas resilientes.
“O risco está incorporado em cada uma das nossas etapas de análise”, diz Chang. Esta abordagem quantitativa não se centra apenas nos números. Analisa ainda a estabilidade do modelo de negócio e competitividade, permitindo assim avaliar a previsibilidade dos seus resultados futuros. Segundo Chang, essa integração proporciona convicção na seleção de empresas sólidas e com bom crescimento a longo prazo.
Adaptar-se num ambiente de constante mudança
A disrupção tecnológica redefiniu onde encontrar empresas de qualidade. Chang observa que a inteligência artificial e outros avanços ampliaram a gama de indústrias com modelos de negócios previsíveis, especialmente em tecnologia e subscrições. No entanto, sublinha que “não procuramos ser os primeiros a adotar novas áreas, mas sim encontrar modelos previsíveis e sólidos”.
A evolução da tecnologia mudou o seu foco para setores industriais e tecnológicos, longe das commodities tradicionais, que enfrentam maiores riscos de concorrência. A disrupção, portanto, representa uma oportunidade para encontrar novas fontes de qualidade em setores anteriormente considerados voláteis, alinhando assim a sua filosofia com as tendências emergentes sem sacrificar a segurança e a previsibilidade.
Navegar na incerteza geopolítica
Diante dos desafios geopolíticos e regulatórios, Chul Chang diz que a estratégia concentra-se em empresas com barreiras à entrada competitivas robustas o suficiente para prosperar mesmo em ambientes adversos, como pressões externas e mudanças no enquadramento regulatório.
Em setores como tecnologia e saúde, onde a carteira detém exposições significativas, a força dos modelos de negócio permite que as empresas se adaptem às mudanças regulatórias e políticas. Um exemplo notável é a UnitedHealth, que demonstrou a sua capacidade de simplificar as operações e ganhar participação de mercado mesmo em condições desafiantes.
A abordagem agnóstica aos benchmarks permitiu à equipa construir uma carteira mais diversificada, com aproximadamente 10% das posições fora do benchmark. Essa flexibilidade, combinada com a disciplina na seleção de empresas de alta qualidade, resultou numa carteira resiliente e menor volatilidade do que o mercado em geral.