Os grandes líderes a nível mundial reúnem-se hoje e amanhã, mas todos os olhos estão postos nas discussões entre a China e os Estados Unidos.
“Estamos perante o evento geopolítico mais importante do ano”. Foi assim que Andrew Ancheson, diretor da equipa de gestão de ações US Growth da Amundi Pioneer Asset Management, introduziu a sua palestra. Este fim-de-semana os países do G20 reúnem-se na Argentina; uma cimeira que reúne os responsáveis máximos a nível mundial, mas cujos holofotes irão estar nas discussões comerciais entre os Estados Unidos e a China. “Entramos em dias críticos para os lucros empresariais do S&P 500 e para o crescimento mundial em 2019”, afirma o gestor.
É uma situação complicada. A curto prazo, os Estados Unidos têm um maior poder de negociação, uma vez que há mais importação de bens chineses suscetíveis a um aumento de tarifas. Mas a longo prazo o protecionismo da China protege-os.
Menos otimista com o fim-de-semana está a BlackRock. “Os ativos de risco que se viram mais prejudicados pela política comercial baseada no 'olho por olho' revalorizaram-se em comparação com os mercados mundiais. Não obstante, evitamos expor-nos a qualquer aumento a curto prazo. Na nossa opinião, o conflito entre ambas as potências vai muito além dos assuntos comerciais e irá provavelmente perdurar”, afirma Richard Turnill, diretor mundial de estratégia de investimento da gestora
A geopolítica adquiriu um papel decisivo no futuro dos mercados. “O nosso indicador de risco BlackRock Geopolitical Risk Indicator (BGRI) mostra que a atenção do mercado em relação ao risco de um agravamento da tensão entre ambos é elevada. A nossa análise mostra que as amplas variações no BGRI acerca da relação entre os EUA e a China coincidem com grandes flutuações nos preços dos ativos com uma exposição cíclica e vulneráveis a este risco, tal como se reflete no gráfico acima”, comentam da BlackRock.
Nitesh Shah, analista da WisdomTree, concorda em vigiar de perto as discussões relacionadas com o comércio já que afeta também as matérias-primas. “O mercado já está a antecipar acordos comerciais entre ambos que pudessem contrariar o protecionismo do último ano”, explica Shah. Na sua opinião, isso poderá acalmar os receios acerca da queda da procura energética por parte da China.
“Trump também poderá aligeirar o seu posicionamento com a Arábia Saudita”, acrescenta. A assistência dos ministros da Arábia Saudita e da Rússia, dois membros cruciais da OPEC, também é essencial. O seu encontro antecipou historicamente acordos. “Selar preços mais altos está no interesse de ambos os países, mais do que a esperança de uma quota de mercado maior mas mais instável”, explica.