CMVM alerta para impacto da subida de taxas na classificação da dívida das carteiras dos fundos mobiliários

risco e retorno
Créditos: Priscilla Du Preez (Unsplash)

Nas considerações que a CMVM faz no seu Risk outlook de 2022, o regulador olha para uma característica importante dos fundos de investimento, nomeadamente os que se focam em fixed income: a duração modificada da dívida presente nessas carteiras.

Segundo o regulador, "a duração modificada da dívida nas carteiras dos fundos de investimento mobiliário situava-se em 3,5 anos no final do terceiro trimestre de 2021", o que representou uma ligeira
descida face a maio. Referem que isto significa que "um aumento de um ponto percentual nas taxas de juro conduzirá aproximadamente à desvalorização de 3,5% do valor agregado das obrigações detidas por aqueles fundos de investimento nacionais".

A yield-to-maturity média das obrigações detidas pelos fundos também foi posta sobre a lupa do regulador. Ajustada ao valor da posição dizem ter sido de 1% no final de terceiro trimestre do ano passado.

Duração modificada da dívida dos fundos de investimento mobiliário nacionais (Esq.) e yield-to-maturity média (Dir.)

Fonte: CMVM

Já no que diz respeito ao risco de crédito, e como visível na figura abaixo, 71,2% da carteira de obrigações tinha uma notação de crédito da categoria de investimento, proporção que compara
com 82,1% no final de 2019. A CMVM acrescenta também que 50,4% (37,9% no final de 2019) da dívida detida encontra-se no limiar inferior daquela classificação no período em análise, pelo que dizem existir "risco elevado de transição para a categoria especulativa".

Classificação da dívida detida pelos fundos de investimento mobiliário nacionais

Fonte: CMVM

O risco da subida de taxas

Sobre essa transição para a categoria especulativa, a CMVM deixa um alerta: "O cenário poderá materializar-se no caso de uma subida forte das taxas de juro, e consequente agravamento da capacidade de servir a dívida, ou de uma recuperação menos robusta da atividade económica, com as receitas a evoluírem aquém do necessário para garantir a solvabilidade dos respetivos emitentes".

Sobre o assunto, a CMVM relembra ainda aquela que tem sido uma necessidade dos produtos nos últimos tempos. "A evolução da qualidade creditícia dos fundos nacionais indicia um reforço do search-for-yield e estará associada às reduzidas remunerações (muitas vezes negativas) oferecidas pelos produtos de poupança de baixo risco".