Como as carteiras da J.P. Morgan AM estão posicionadas no contexto atual e o que os clientes lhes pedem

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Créditos: Liz Sanchez-Vegas (Unsplash)

Neste contexto de elevada incerteza, crescimento económico mais lento e onde a inflação continua, surpreendentemente, a subir, na J.P. Morgan Asset Management acreditam que agora é momento de serem cautelosos. “Há já algum tempo que temos um posicionamento mais conservador. E, por enquanto, mantemos essa posição. É momento de sermos cautelosos”, explica Lucía Gutiérrez-Mellado, diretora de Estratégia para Espanha e Portugal.

Ações: à espera que se iniciem as revisões em baixa dos lucros

No que diz respeito ao mercado de ações, os especialistas da empresa consideram que as expetativas dos analistas quanto aos resultados empresariais continuam a ser muito elevadas. “Num cenário de menor crescimento, o lógico é vermos uma diminuição dos lucros. Estamos a começar a observar as primeiras revisões em baixa nas estimativas. Até agora, o consenso tinha sido demasiado otimista”, reconhece Lucía Gutiérrez-Mellado.

Nos lucros empresariais, o que mais lhes preocupa são as margens. “As vendas têm-se aguentado muito bem e, embora esperemos uma certa desaceleração, vão continuar em terreno positivo. No entanto, o impacto será mais negativo nas margens. Com um crescimento mais baixo, inflação e pressão salarial, as margens, que até agora resistiram bem, vão começar a cair. Já o estamos a assistir nos Estados Unidos e é lógico pensar que isto se vai alastrar para o resto das regiões”.

Quanto às valorizações, embora todos os mercados tenham corrigido, a diretora de Estratégia da J.P. Morgan AM acredita que não estão a níveis suficientemente atrativos para aumentar novamente o risco. “Não nos parece que seja o momento de acrescentar mais peso em ações. Subponderamos as ações, mas mantendo uma importante exposição. Temos de ser cautelosos, mas as carteiras têm de ser investidas”. São dois os viés a que estão mais expostos: qualidade e rentabilidade por dividendos.

Longos no dólar, aposta no crédito e neutros em duração

Lucía Gutiérrez-Mellado reconhece que este ano os perfis que estão a sofrer mais são os conservadores. “As quedas das ações é algo que qualquer investidor pode entender. Mas as de obrigações, não”, afirma. A boa notícia é que as yields atuais atingiram níveis que oferecem alguma proteção. “Se as coisas correm mal novamente, o cupão oferece alguma proteção. E, além disso, isto poderá quebrar a correlação positiva que tem existido entre os mercados de ações e de obrigações. Podemos voltar a ver essa descorrelação entre as duas classes de ativos”.

Relativamente aos segmentos de mercado, há muito tempo que a empresa estava subponderada em dívida pública. Agora, no entanto, está a ser mais construtiva. “À medida que as yields têm aumentado, temos entrando pouco a pouco, sobretudo no mercado de obrigações americano. Ter uma carteira mais enviesada para os Estados Unidos em detrimento de outras regiões, ajudou-nos nas últimas semanas”, reconhece. As yields aumentaram para todas as classes de ativos, mas é no crédito onde atualmente se encontram mais oportunidades. Ao nível da qualidade dos ativos, preferem investment grade a high yield.

Quanto à duração, o posicionamento da empresa é de neutralidade. “Não acreditamos que seja o momento de ter uma posição longa em duração. O mercado ainda não refletiu todos os aumentos de taxas que os bancos centrais vão implementar para controlar a inflação. As autoridades monetárias deixaram claro que vão continuar a aumentar as taxas até que a inflação esteja controlada. Nos Estados Unidos parece que a inflação atingiu o pico, mas na Europa pode continuar a aumentar e as projeções dos aumentos por parte do BCE para o próximo ano não são claras”.

Em divisas, no seu asset allocation, continuam com posições longas no dólar. “Reconhecendo o forte aumento pelo qual passou, acreditamos que o dólar ainda tem caminho para percorrer”.

O que estão os clientes a pedir à J.P. Morgan AM

Os clientes da J.P. Morgan AM estão a voltar a colocar questões sobre as obrigações. “Perguntam principalmente por produtos flexíveis, que dão ao gestor a discrição para identificar oportunidades. O fundo que mais interesse desperta é o JPM Global Strategic Bond, que é um produto de obrigações flexíveis, com um perfil defensivo que tem resistido bastante bem à tempestade. Num ano em que as obrigações caíram em força, não podemos exigir a estas estratégias que não corrijam, mas que o façam menos, o que têm conseguido. Era esse o seu objetivo”, sublinha.

Estão também a observar um renovado interesse por fundos de distribuição de rendimentos, como o JPM Global Income com as suas três versões: a mais agressiva, a mais defensiva e a sustentável. Nas ações, pedem fundos globais, especificamente alguns com viés para dividendos, como o JPM Global Dividend. “No ambiente atual, é um produto de que gostamos devido às suas características mais defensivas”. Na Europa, a gestora comercializa um fundo long-short, o JPM Europe Equity Absolute Alpha, que procura ter um beta zero e que gerou um retorno positivo de 9% até agora este ano. “Estes resultados tão bons sem dúvida que chamam a atenção”, conclui.