Como converter a nova liquidez do mercado de obrigações em rentabilidade para a carteira

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A decisão da Reserva Federal de interromper a sua política de subida de taxas nos EUA juntou-se às novas medidas anunciadas pelo BCE, enquanto as TLRO foram suficientes para provocar um forte rally no mercado de dívida, que se expandiu desde as emissões mais seguras, como as obrigações governamentais, às mais arriscadas, como o segmento high yield. Não obstante isso não implica que a situação para os gestores de fundos seja hoje mais fácil do que a tinham no fim de 2018, mas tendo em conta que com o rally as valorizações destes ativos voltaram a ajustar-se, isso que complica a tarefa de encontrar boas rentabilidade a bons preços.

Eliezer Ben Zimbra, gestor da Edmond de Rothschild, está consciente de que o contexto se complicou e, por isso, considera que o grande risco de 2019 é “gerir a nova liquidez que chegou ao mercado”.

Uma gestão que, não obstante, não se devia fazer num contexto de recessão já que o profissional confia que essas medidas anunciadas pelos bancos centrais deem às economias o impulso que necessitam para não caírem num contexto recessivo. “Não esperamos uma recessão em 2019 ou 2020 nem uma desaceleração da economia global” e de facto não acredita que sejam necessárias essas descidas de taxas nos EUA, que já prevê o mercado.

Esta visão um tanto contrária ao mercado é o que o levou a ter em carteira posições curtas sobre a dívida americana nos seus prazos mais curtos e também a manter 30% do património do fundo em liquidez, à espera que surjam novas oportunidades. De momento vêm agora oportunidades no mercado de obrigações, na dívida corporativa, sobretudo nas emissões do sector financeiro. “Na Europa gostamos da dívida financeira pelos fundamentais e porque é um dos ativos onde mais dispararam os spreads em 2018. Com as obrigações high yield passa-se o contrário, já que em janeiro estávamos muito positivos, mas agora reduzimos a posição”, afirma Zimbra.

Para além da Europa, estão também positivos em relação à dívida emergente, tanto corporativa como governamental, já que defendem que um abrandamento do dólar terá um bom impacto nas economias emergentes e, portanto, neste tipo de ativos, muito penalizados em 2018 pelo aumento do dólar e pela tensão gerada pela guerra comercial entre a China e os EUA.

Em relação às obrigações de governo, estas continuam positivas na dívida periférica de países como a Grécia ou Portugal ainda que tenham reduzido a sua posição em obrigações espanholas e também italianas face à incerteza que o panorama político continua a gerar.