Como se comportaram os ETF europeus durante a semana de pânico nas bolsas? A BlackRock responde

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Há duas semanas, os mercados acionistas entraram em pânico à medida que aumentavam os casos de coronavírus a nível internacional e se começavam a aprovar medidas de confinamento para travar a expansão de um vírus que impactará muito a economia mundial. Neste contexto de alta incerteza é quando surgem cada vez mais dúvidas sobre se haverá liquidez suficiente no sistema que permita atender a todos os movimentos que estão a acontecer nos mercados e um dos instrumentos que historicamente desperta mais dúvidas quanto à liquidez que oferece em momento de intranquilidade nos mercados são os ETF. A gestora BlackRock compilou num documento quatro pontos-chave que destacam como se comportou o mercado de ETF durante a semana passada.

1. Os volumes record de negociação evidenciam a liquidez no meio da volatilidade

Segundo explicam, há duas semanas o volume de operações dos ETF na Europa aumentou para um record de 120.000 milhões de dólares, superando assim o novo record estabelecido nas duas semanas anteriores (as semanas de 24 de fevereiro e de 2 de março). Números que triplicam o volume médio semanal que se viu durante 2019, que foi de 44.000 milhões de dólares.

Além disso, a gestora recorda que parte da negociação bolsista foi realizada precisamente através de fundos cotados. “Nos dias de maior atividade, a negociação de ETF europeus constituiu cerca de 30% de todo o volume de ações, comparando com os 20% nos dias de maior atividade de 2019”, afirmam.

Se o crescimento dos volumes de negócio nos mercados acionistas através de ETF foi alto, o registado nos mercados de obrigações não se ficou atrás, pelo menos no caso dos ETF da iShares. “Nos mercados de obrigações, os ETF de obrigações da iShares negociaram cerca de 16.000 milhões de dólares pela terceira semana consecutiva, mais de 200% acima da média semanal de 2019”, afirmam na gestora.

2. Os “descontos” dos ETF de obrigações traduzem-se em preços em tempo real

Segundo explica a BlackRock, há duas semanas a tensão nos mercados fez com que produzissem grandes diferenças (descontos) entre os preços dos ETF de obrigações e os valores das suas obrigações constitutivas devido ao facto de “os ETF de obrigações tenderem a negociar mais frequentemente do que as obrigações individuais, especialmente em tempos de tensão”. Não obstante, a empresa desvaloriza este assunto ao considerar que essas diferenças o que mostram é o ETF como um indicador adiantado dos preços do mercado, ao “transmitir informação em tempo real sobre a qualidade e a acessibilidade dos mercados subjacentes

3. Os ETF não são vendedores forçados

O terceiro ponto que destaca a gestora refere-se à ideia de que em momento de crise os ETF tornam-se em vendedores forçados. Segundo os seus dados, “os reembolsos foram ordenados e, em geral, representaram uma fração da negociação total que teve lugar no ETF, com uma negociação significativa no mercado secundário das unidades de ETF”, apontam, ao mesmo tempo que destacam que “no caso dos ETF, o mecanismo de criação/reembolso proporciona uma opção adicional para executar os fluxos tanto em espécie como em dinheiro”.

4. Perspetivas sobre o sentimento dos investidores

Apesar dos dados, sobre os quais se refere serem só daquela semana e não incluindo, portanto, muitas sessões agitadas como as que se viveram posteriormente, considera que não se pode falar de capitulação do mercado atendendo aos fluxos. Os fluxos da região EMEA não mostram nenhum sinal de capitulação: desde que começou a queda do mercado, os fluxos permaneceram relativamente resistentes, quando considerados num contexto de entradas muito fortes desde o início do quarto trimestre de 2019 até meio do primeiro trimestre de 2020”, afirma. E mostra dois números concretos: os fluxos em emergentes representaram uma quarta parte de todas as subscrições que foram registadas de 1 de outubro de 2019 a 21 de fevereiro deste ano, e representaram só 6% no caso das ações europeias e 4% das ações americanas.

Na região EMEA, os investidores venderam 3.900 milhões de dólares em ações e 2.000 milhões de dólares em obrigações preferindo adicioná-los às matérias-primas. A nível mundial, os ETF de ouro reuniram 1.600 milhões de dólares desta semana (1.200 milhões dos quais se destinaram aos fundos que negoceiam em EMEA), continuando uma tendência de fluxos no ouro positiva”, afirmam.