Como se pode investir em hidrogénio verde?

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Créditos: David von Diemar (Unsplash)

A atual produção de hidrogénio é de emissão intensiva, uma vez que procede de combustíveis fósseis (gás natural). O hidrogénio renovável é completamente livre de carbono, uma vez que é produzido utilizando energia renovável para dividir a água nos seus elementos num eletrolisador, sem emissões de gases com efeito de estufa como subproduto. Mas… como investir em hidrogénio verde? Tal como explica Michel Wiskirski, gestor especializado em recursos naturais da Carmignac, há duas maneiras possíveis de o fazer.

Em primeiro lugar, pode ser feito indiretamente. “Isto seria através do investimento em empresas de energia renovável, uma vez que o hidrogénio verde é produzido utilizando energias renováveis, pelo que produzi-lo a um nível escalável exige grandes quantidades de energia limpa. E os únicos players que podem fazer isto são empresas de energias renováveis como a Orsted”, afirma. A segunda forma seria investir nas empresas que estão na cadeia de valor da produção de hidrogénio verde. Especialmente naquelas que estão na cadeia de valor da eletrólise.

O hidrogénio verde pode ser produzido através da eletrólise, onde a corrente elétrica direta é utilizada para dividir a água nos seus elementos: hidrogénio e oxigénio. Há duas técnicas principais utilizadas no processo da eletrólise: as células de combustíveis PEM e as de óxido sólido. Pode-se investir em empresas europeias de pequena capitalização da cadeia de valor da eletrólise como a Ceres Power, um dos principais nomes europeus na tecnologia de células de combustível e eletrólise e, mais concretamente, em células de combustível de óxido sólido (SOFC)”, assinala o gestor.

É cedo para obter rentabilidade do hidrogénio verde?

A pergunta que muitos investidores se colocam atualmente é se é muito cedo para obter rentabilidade do hidrogénio verde. Neste sentido, Wiskirski reconhece que o desenvolvimento e a produção de hidrogénio verde a um nível escalável levará tempo. Os planos de desenvolvimento desta fonte de energia por parte de algumas empresas mostram claramente este facto. “A Airbus planeia lançar o seu primeiro avião movido a hidrogénio em 2035”, exemplifica.

Além disso, de acordo com o gestor, a expansão do hidrogénio verde exigirá também quantidades significativas de energia limpa e do apoio das políticas públicas e dos subsídios para desenvolver infraestruturas-chave (para facilitar a produção, o processamento, a entrega e o armazenamento a grande escala), o que, em última instância, o tornará mais rentável.

“Na atualidade, encontramos poucas empresas de energias renováveis e alguns pequenos players puros na cadeia de valor da eletrólise que são rentáveis. Esperamos que a sua rentabilidade melhore com o crescente apoio dos governos (mais subsídios e aceleração dos investimentos)”, afirma o especialista.

Planos de apoio

Recentemente foram produzidos vários anúncios que, segundo Wiskirski, serão de grande apoio ao desenvolvimento do hidrogénio verde. “Na Europa, tivemos o plano RepowerEU, que pretende substituir o gás russo, acelerando os investimentos em hidrogénio verde e desenvolvendo infraestruturas integradas, instalações de armazenamento e capacidades portuárias. Isto irá beneficiar as empresas europeias de pequena capitalização na cadeia de valor da eletrólise”, revela.

Mas o apoio mais importante vem da Lei de Redução de Infraestruturas (IRA) dos Estados Unidos, aprovada pelo Congresso neste verão. “O projeto de lei estabelece um crédito fiscal para apoiar a produção de hidrogénio com baixas emissões de carbono. Isto diminui significativamente o custo da produção do hidrogénio verde, uma vez que o crédito fiscal ao produtor é fixado em três dólares por quilo. É, portanto, muito positivo para a rentabilidade dos players do hidrogénio verde em geral”, conclui.