Comportamento do mercado após uma descida superior a 10%: análise das experiências passadas

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A semana passada foi um período muito difícil nos mercados, especialmente para os de ações, que ficaram pintados de vermelho. O S&P 500 perdeu em cinco dias 11% do seu valor, um golpe semanal não visto desde a crise financeira. Uma vez encaixadas as perdas, a pergunta que os investidores se fazem é se haverá uma subida. Evidentemente que tentar prever qual será a resposta do mercado num período tão curto é impossível, mas podemos dar uma vista de olhos ao espelho retrovisor, para saber qual foi o comportamento da bolsa do principal índice de ações americanas após experimentar uma queda tão avultada como a que acaba de sofrer.

Fernando Luque, editor financeiro na Morningstar, calculou rentabilidades semanais (das 20 piores semanas) e as da semana posterior registadas pelo S&P 500 a partir de 1950, eliminando os dados anteriores a este ano ao considerá-los pouco representativos. A conclusão a que chega é que, em geral, as cotações recuperam, mas há sete semanas nas quais a rentabilidade continua a ser negativa na semana posterior.

“Há duas semanas nas quais a rentabilidade piora e duas em que a rentabilidade positiva supera a rentabilidade da semana anterior (em verde). Portanto, em geral, perante uma fortíssima queda é preciso esperar mais do que uma semana para que os preços recuperem”, argumenta o especialista.

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Outra forma de analisar o sucedido para tentar gerir expectativas é estudar a frequência com que se produzem estes episódios. Este trabalho foi realizado pelo Capital Group, gestora que verificou a assiduidade com que se produzem quedas no Dow Jones, segmentando-as pela sua magnitude. Assim, por exemplo, correções superiores a 10% costumam acontecer, em média, uma vez por ano e durar 114 dias (desde que o índice estava em máximos e até que tocou o mínimo).

Quanto mais avultadas são as descidas registadas no mercado americano, menos frequentes são estes episódios. Isto é provado pelo facto das descidas superiores a 20% acontecerem a cada quatro anos. O mercado também costuma requerer mais tempo para recuperar. Em média, 338 dias, ou seja, quase um ano. “A boa notícia é que as correções (definidas como uma descida de 10% ou mais) e os mercados bearish (retrocesso de 20% ou superior) não duram para sempre”, concluem.

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