A análise da evolução das bolsas durante os conflitos militares passados sugere que estes tendem a ser episódios de curta duração. A chave é encontrar o ponto de entrada. E esta é a parte realmente difícil.
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Os mercados acionistas sofreram perdas significativas como resultado da invasão russa na Ucrânia. Mas cuidado. A análise da evolução das bolsas durante conflitos militares passados sugere que estes tendem a ser episódios de descidas de curta duração. "Poucos meses depois do conflito, os mercados de ações tendem a recuperar fortemente, com os declínios no mês anterior ao início do conflito sendo maiores que no primeiro mês desde o início do conflito", explica Benjamin Melman, diretor global de Investimentos na Edmond de Rothschild AM.
Como Luca Paolini, estratega chefe e Sabrina Khanniche, economista, ambos da Pictet AM, sublinham, há um fator importante a considerar: a calendarização. "A história sugere que as guerras nem sempre conduzam a diminuições sustentadas nos preços dos ativos de maior risco. Muito depende de quanto tempo dura o conflito. Na guerra do Iraque de 2002, por exemplo, as bolsas de valores estavam débeis no período que antecedeu a invasão dos EUA e começaram a recuperar nos 10 dias seguintes ao início da campanha militar", recordam.
"É preciso comprar quando a guerra começa", afirma o diretor global de Investimentos da Edmond de Rothschild AM. Mas para que surja uma oportunidade de compra, Melman salienta que os mercados têm de reagir de forma exagerada. "Todavia, ainda não chegou o momento", opina. "Com a inflação a continuar a aumentar no meio de uma crise energética e agora este abalo à confiança dos investidores, precisamos de avaliar esta crise em geral antes de medir o seu impacto nas perspetivas de crescimento", destaca.
O problema é que, por enquanto, a visibilidade é muito baixa. Não há sequer a certeza de que a Europa será capaz de assegurar o seu aprovisionamento energético até ao final de 2022. Mas a máxima mantém-se. Pelo menos, é isso que a história nos diz. Da Fidelity International lembram-nos: "as correções do mercado podem criar oportunidades atrativas e as perdas nos mercados de ações dão muitas vezes lugar a novos máximos", salientam. A chave é encontrar o ponto de entrada. E esta é a parte realmente difícil.