A ASF publicou o Relatório de Estabilidade do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões onde destaca as diversas influências a que tem sido sujeito o desenvolvimento da atividade do setor segurador e dos fundos de pensões.
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publicou o Relatório de Estabilidade do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões, onde destaca as diversas influências que no atual cenário têm sido sujeito o desenvolvimento da atividade do setor segurador e do setor dos fundos de pensões. Realça que essas influências têm-se mostrado “até por vezes contrárias, com impactos de natureza conjuntural e estrutural para o seu desempenho”.
Por um lado, “a adesão generalizada ao teletrabalho, que em alguns casos veio para ficar, exigiu que as empresas de seguros e as entidades gestoras de fundos de pensões acelerassem os seus esforços de digitalização e de adaptação de modelos de trabalho e de negócio, tornando-os mais ágeis e eficientes em termos de custos”. Por outro, “este processo implica, no entanto, níveis de exposição mais elevados a incidentes de cibersegurança e outros riscos de caráter operacional, pelo menos numa fase inicial”.
Taxas de juro
“O ambiente de baixas taxas de juro revela-se particularmente desafiador para a rendibilidade do setor segurador e do setor dos fundos de pensões, particularmente no que toca ao retorno auferido nos títulos de dívida de preponderância central nas carteiras dos operadores, com destaque para as exposições soberanas a Portugal, Espanha e Itália", referem. Dizem também que "este fator, bem como a evolução da estrutura temporal de taxas de juro sem risco, publicada pela EIOPA, que constitui a referência para o desconto dos passivos das empresas de seguros, exerce igualmente pressão sobre as métricas de solvência e de valorização das responsabilidades desses operadores”.
No relatório, dão conta de que ao nível das políticas de investimentos, mantém-se o predomínio dos instrumentos de dívida, com particular destaque para os “títulos soberanos, situando-se a qualidade creditícia das carteiras em território conotado como de investment grade”. O regulador do setor dos seguros e dos fundos de pensões viu a duração média das carteiras obrigacionistas manter-se para as empresas de seguros, tendo registado um ligeiro aumento, de aproximadamente um ano, no caso dos fundos de pensões.
“Regista-se assim que o setor segurador nacional tem enfrentado esta pandemia com níveis de solvência globalmente confortáveis”, concluem, não deixando de dar conta de algumas vulnerabilidades que, “dependendo da natureza e dos choques a que for sujeito, podem condicionar a sua capacidade de absorção de impactos”.
Neste âmbito destacam:
(i) “a concentração das carteiras de investimentos num número limitado de emitentes, que apresentam maior potencial de volatilidade em caso de fragmentação dos mercados financeiros da área do Euro”;
(ii) “a exposição material a títulos de dívida privada no limiar do território de investimento, que, num cenário de downgrades generalizados, redundará na sua desvalorização e no incremento relativo associado aos respetivos requisitos de capital”;
e, finalmente, para alguns operadores,
(iii) “a exposição aos riscos de variação dos pressupostos de mensuração da melhor estimativa das provisões técnicas, para os produtos de seguros de vida temporários anuais renováveis (TAR) com limites dos contratos superiores a um ano”.