Consolidação na indústria europeia de plataformas: análise das consequências

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Jason & Michelle, Flickr, Creative Commons

Há umas semanas a Clearstream, a plataforma de fundos da Deutsche Börse, anunciou a compra de 51% da distribuidora da UBS, Fundcenter, por 363 milhões de euros. Ainda que a UBS se mantenha com uma posição minoritária de 49%, a Clearstream consolidará por completo o negócio da Fondcenter para criar um dos atores mais potentes da indústria com mais de 206.384 milhões de euros em ativos sob gestão (AuM).

Esta operação, marcada no plano de 2020 da Deursche Börse, cria um gigante da distribuição de fundos. Para a UBS, representa beber da capacidade de escala e amplitude da oferta. A Fondcenter antecipa que os seus lucros vão crescer a um ritmo de duplo dígito nos próximos anos graças a “sinergias significativas” da venda cruzada da base de clientes da Clearstream.

A aquisição faz parte dos planos de crescimento no negócio de serviços B2B da Clearstream. Nos últimos dois anos ampliaram os seus serviços de carteiras com a compra da Swisscanto Funds Centre Ltd (e a subsequente criação do Clearstream Fund Desk) e, no plano internacional, a aquisição da Ausmaq, uma depositária de fundos australiana.

Esta não foi a última operação corporativa recente no mercado de plataformas. No Reino Unido, a UK Embark comprou as plataformas da Zurich e Alliance Trust Savings. Meses antes, a Allfunds e a BNP Paribas assinaram um acordo para criar uma plataforma de fundos e wealthtech poderosa. O que podemos ler desta onda de operações?

À caça das plataformas da banca

“A operação anunciada pela Clearstream e a UBS Fondcenter é outra prova de que agora mesmo a maior oportunidade de crescimento para plataformas europeias são as plataformas internas de grandes grupos financeiros”, analisa Rodolfo Crespo, consultor de Distribuição e Estratégia na NMG Consulting.

Durante as últimas duas décadas, quase todos os grandes bancos europeus desenvolveram as suas próprias plataformas, cujo principal (e em muitas ocasiões único) cliente era a rede de distribuição do próprio banco. Agora é quando o valor destes negócios está a aflorar.

Com um universo de distribuidores cada vez mais saturado, os acordos estratégicos para adquirir plataformas internas de grandes bancos são agora mesmo os mais cobiçados. “Estes ficam ao alcance de muito poucas plataformas, só as com grande músculo financeiro como a Allfunds, a Clearstream Fund Desk ou a MFEX”, afirma.

Crespo defende que sem dúvida esta não será a última operação deste tipo. Cada vez menos, mas ainda restam grandes bancos como o BBVA, o Deutsche Bank ou a Julius Bäer que podem ser objeto deste tipo de acordos estratégicos.