COVID-19 provoca entradas de dinheiro recorde nos ETF de ouro

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A elevada incerteza e a igualmente elevada volatilidade que se vira no mercado no ano de 2020, o ano da pandemia, são duas das razões que levaram muito investidores procurar refúgio no ouro. Mas houve mais causas, como a falta de alternativas seguras, com as obrigações governamentais a esgotar o seu potencial e o dólar em declínio, ou o seu carácter de cobertura perante eventuais episódios inflacionários como resultado das fortes injeções de liquidez que se introduziram no sistema.

Tudo isso deixou o ouro como um dos claros vencedores de 2020 graças aos seus 25% de rentabilidade conseguida e isso notou-se nos fluxos de ETF que replicam o bom comportamento do metal em si ou das explorações mineiras encarregues da sua extração. Assim consta nos dados de fecho de 2020 que acaba de publicar o World Gold Council. Os ativos comprados pelos ETF em 2020 traduziram-se em 877 toneladas, o que representa um novo recorde histórico já que no anterior, em 2019, o número foi de 646 toneladas. Um recorde que se produz apesar das vendas que se viram no último trimestre do ano.

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Mau arranque de ano

De facto, o comportamento que se viu na indústria de ETF nos dois últimos meses de 2020, o mesmo período em que o mercado começou a prever um regresso à normalidade após se conhecer a efetividade de várias vacinas, foi de saídas de dinheiro neste tipo de produtos. Em concreto, foram vendidas 148 toneladas de ouro entre novembro e dezembro. Dados que levam a questionar muitos investidores se continua a ter sentido ou não ter ouro nas carteiras face a essa hipotética recuperação que o mercado previu nas últimas semanas.

Atualmente, o arranque do ano não foi o mais positivo já que o metal amarelo perde mais de 3%, mas ainda assim, são mais as vozes que consideram que é preciso continuar a ter ouro em carteira e há quem pense que o seu momentum acabou.

“À medida que avançamos para 2021, muitos dos mesmos impulsionadores da procura do ouro devem continuar, como as taxas mais baixas e os melhores custos de oportunidade, o estímulo fiscal, as altas valorizações das ações e os efeitos económicos da COVID-19”, apontam no World Gold Council.

Não é o ouro que reflete as melhores perspetivas

Essas mesmas razões são as que alega Ned Naylor-Leyland, gestor do Merian Gold&Silver, para justificar porque continua a fazer sentido destinar uma parte da carteira ao ouro. Na sua opinião, não será o ouro, mas a prata o metal que melhores perspetivas apresenta para 2021. “2021 será o ano da prata. Esperamos que os mercados assumam a importância dupla da prata como componente industrial e reserva de valor monetário”, afirma. Um duplo componente que já premiaram os investidores no ano passado já que, ainda que muito o desconheçam, foi a prata e não o ouro o metal que melhor comportamento teve no ano passado.

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De facto, tal como recordam na Wisdom Tree, também os ETF de prata fecharam 2020 com compras recorde. «Com 275 milhões de onças de prata incorporadas nos produtos cotados em 2020, o ano supera por mais do dobro o recorde anterior (registado em 2019, com 137 milhões de onças)», afirmam. E acreditam que a este metal continuará a ter bons resultados devido à mistura de atributos cíclicos devido ao seu perfil industrial, mas também defensivos, pela sua característica de metal precioso.

Na última edição da revista FundsPeople, poderá ler uma entrevista a Ned Naylor-Leyland onde o gestor Jupiter AM nos dá a conhecer melhor o Merian Gold and Silver, um produto caracterizado por uma estratégia de investimento única que o distingue dos seus pares.