Cristophe Girondel (Nordea AM): "Agora é o momento de construir a relação de confiança com o cliente"

Christophe Girondel Nordea AM
Christophe Girondel. Créditos: Cedida (Nordea AM)

Encontramo-nos num ambiente risk off. A correlação entre obrigações e ações voltou na pior altura e os clientes veem muita incerteza sobre o que está para vir. Tanto economicamente como para os mercados. E isto está a influenciar o posicionamento da carteira. Na opinião de Christophe Girondel, responsável global de Distribuição na Nordea Asset Management, os investidores estão a adotar posições defensivas. Nas ações, estão a dirigir-se para as mais defensivas (que não growth). No rendimento fixo, procuram durações curtas.

E é um sentimento negativo que pode ainda durar mais alguns meses. Tudo dependerá da rapidez com que a recessão vai ou não chegar, acredita Girondel. Assim, as gestoras de fundos precisam de começar a pensar que 2022 será um ano vermelho em termos de captações. Mas o especialista não está preocupado. "É uma parte natural do ciclo. Quem estiver preocupado com um trimestre ou ano mau talvez não deva estar nesta indústria", diz.

Mas não ver fluxos positivos ou mesmo reembolsos não deve ser interpretado como um ano perdido. "O que importa agora é estar perto do cliente. Independentemente do sentido dos fluxos. Porque quando esta nuvem passar, o que acontecerá, é que se vão lembrar de quem esteve ao seu lado nos tempos difíceis. Agora é o momento de plantar a semente para construir essa relação de confiança", insiste.

Condições desafiantes para o investidor conservador

É verdade que as grandes bolsas não foram poupadas às quedas, mas a verdadeira dor foi sentida pelos investidores conservadores. Aqueles que tinham a maior parte do seu património em rendimento fixo. É, sem dúvida, um cenário complexo. "Para aqueles com um perfil de risco cauteloso, a única alternativa é a liquidez, mas com a inflação a estes níveis históricos também não é uma opção real", reconhece. Existem produtos muito flexíveis que têm tido um bom desempenho bem, tais como o Nordea 1 - European Covered Bond Opportunities Fund.

Curiosamente, é precisamente no rendimento fixo que o especialista deteta o maior movimento. "Os investidores estão conscientes de que as taxas ainda podem subir mais, mas ao mesmo tempo já estão a detetar oportunidades. Alguns interrogam-se se é tempo de começar a acrescentar duração", diz Girondel. Por exemplo, o Tesouro dos EUA a 10 anos está a movimentar-se a níveis interessantes. Assim, vê o interesse de alguns clientes pelos ativos dos EUA, obrigações soberanas e corporativas e investment grade. A questão aqui é como gerir o risco de divisa, uma vez que o dólar está muito elevado.

Nas ações, este pessimismo ainda não se refletiu nos fluxos. Em vez disso, o que Girondel vê é uma rotação em direção a ações defensivas. Empresas estáveis e resilientes, com capacidade para transmitir a inflação aos seus clientes. Por exemplo, estão a mostrar interesse em produtos como o Nordea 1 - Global Stable Equity Fund.