Num evento com clientes e amigos da entidade gestora, Pedro Fernandes, CIO na entidade, foi o porta voz de uma equipa que gere com convicção e flexibilidade, e cujo ex-libris é o Dunas Património.
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Investidores de longo prazo, táticos, mas dinâmicos, na procura constante de um adequado retorno ajustado ao risco, e agnósticos no que se refere a qualquer índice de referência. Assim se poderá definir sucintamente a abordagem de gestão de fundos mobiliários que caracteriza a equipa de investimentos da Dunas Capital, abordagem essa que tem no fundo misto Dunas Património a sua face mais visível. Recentemente, precisamente esta equipa de gestão convidou amigos e clientes da Dunas Capital para um evento em que as perspetivas da casa de investimentos foram expostas e discutidas com os assistentes, mas em que também houve espaço para o convívio e troca de ideias.
Pedro Fernandes, CIO na entidade foi o porta-voz da equipa, numa apresentação intensa em termos de conteúdo e de convicção, valor no qual assenta a abordagem da Dunas Capital. Sobre a atitude dos bancos centrais das economias desenvolvidas, Pedro Fernandes destacou a passagem de um contexto Z.I.R.P para um contexto N.I.R.P – Negative Interest Rates Policy – e as consequências no mercado. “Vemos os bancos centrais hiperativos e na nossa opinião as políticas de quantitative easing e taxas de juro nulas ou negativas poderão estar a criar algumas bolhas no mercado. Do outro lado do Atlântico vemos que a FED tem mostrado uma maior resistência às taxas negativas, mas há que ter em conta a pressão de Trump para que se cortem mais as taxas”.
Para o profissional, o mundo é hoje em dia muito diferente do que era há 10 anos atrás e isso tem também um grande impacto na capacidade dos bancos centrais para seguir um caminho restritivo na política monetária. “Hoje em dia, os estados empresas e famílias, agregadamente, estão carregados de dívida. Enfrentámos uma crise financeira global em 2008 e a ‘solução’ foi duplicar a dívida”, ironiza. “Pior, se olharmos para as métricas do Barclays Global Aggregate vemos que a percentagem de dívida com yields negativas está em máximos e que esta está a ser emitida a prazos cada vez mais longos e com pior qualidade. O curioso é que, ao contrário do que do que o BCE parece achar, o que vemos é que quando as taxas descem aumenta o stress entre os agentes económicos acerca do que poderá trazer o futuro”, comenta.
No entanto, a equipa da Dunas Capital vê como provável que os mercados cotem num determinado intervalo no futuro próximo. “Por um lado vemos os dados económicos a evidenciar uma recessão industrial, com os índices de atividade em mínimos relativos. No entanto, o mercado de emprego está fantástico e os salários a crescer”, explicou Pedro Fernandes. Não descarta, contudo, a crescente probabilidade de uma recessão ao virar da esquina, mas o CIO da Dunas Capital coloca a ênfase no objetivo final da sua gestão: um adequado retorno ajustado ao risco. E neste contexto, perante todos os desequilíbrios que se veem nos mercados de obrigações, a equipa da entidade gestora vê as ações como uma “classe de ativos quase de borla”. “Quando olhamos para o mercado de fixed income e vemos taxas de juro negativas, quando no segmento de equity encontro uma earnings yield de 6 ou 7% e uma dividend yield de 4%... E há que relativizar estes números, porque as ações já proporcionavam este nível de rentabilidades quando as obrigações proporcionavam yields de 10%. Alguma coisa terá que mudar e não podemos esperar múltiplos de 16 ou 17 vezes os lucros no atual contexto, quando a alternativa não existe”, explica.
Já no que se refere ao comportamento do petróleo, Pedro Fernandes mostra uma opinião mais fatalista de qual poderá ser a tendência de longo prazo do ouro negro. “Na nossa opinião o único caminho do preço do petróleo no longo prazo é para baixo. A produção de shale nos EUA, a eletrificação dos transportes e uma maior pressão ambiental levarão a um ponto de equilíbrio permanentemente decrescente.”
Em suma, Pedro Fernandes considera que estamos num ‘cocktail perfeito para a volatilidade’ inflacionado pelo movimento sincronizado dos investidores na gestão passiva que faz com que os acontecimentos se deem cada vez a uma maior velocidade. “O recente caso da falência da Thomas Cook é um bom exemplo. Um gestor ativo teria a possibilidade de contornar este caso”, comenta.
Dunas Patrimonio
Perante tal cenário, Pedro Fernandes é perentório ao estabelecer o posicionamento da Dunas Capital: “Lidamos perfeitamente com a volatilidade”. E de facto, como investidores de longo prazo, as carteiras de investimento da Dunas Capital e mais especificamente o fundo Dunas Património, apresentam uma certa estabilidade. Embora possam aparentar uma elevada rotatividade, esta resulta principalmente da gestão ativa da duration resultando, portanto, do segmento de obrigações. “Onde rodamos mais a carteira é nesta porção do portefólio, especialmente em ativos muito líquidos como os treasuries ou os bunds, que apresentam custos de transação extremamente baixos”, comenta Pedro Fernandes. No segmento de ações a alocação é repartida em dois segmentos. Um segmento core, construído com futuros ou ETFs sobre os índices – mais tático e flexível – e um segmento de elevada convicção, em que apostam num stock picking diversificado e suportado por teses de investimento temáticas.