No 5º inquérito à população universitária, a CMVM aferiu não só os conhecimentos dos respondentes quanto a aspetos específicos de literacia financeira como também analisou os ativos financeiros detidos pelos mesmos.
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Assim, e no que diz respeito a conhecimentos sobre mercados e produtos financeiros, segundo relata a entidade, 38,5% dos inquiridos afirma ser conhecedor ou muito conhecedor destas matérias, e 67,4% considera que os seus conhecimentos são superiores ou muito superiores aos da média da população portuguesa. “Estas percentagens poderão encontrar explicação no facto de que a maior parte dos respondentes está a frequentar ou já concluiu o ensino superior, e mais de metade destes obtêm formação na área da economia ou da gestão”, explica a CMVM.
Para aferir o conhecimento efetivo dos inquiridos, o estudo incluía oito perguntas sobres aspetos específicos de literacia financeira. Analisando as respostas a essas perguntas, a CMVM constatou que existem diferenças substanciais no conhecimento dos temas que as mesmas abordam. Assim, as perguntas relacionadas com a possibilidade de perder dinheiro nos investimentos em bitcoins ou outros criptoativos (88,7%) e com o impacto da inflação no poder de compra (86,5%) recolheram o maior número de respostas corretas. Por sua vez, a questão sobre a relação entre a descida das taxas de juro do mercado e o preço de uma obrigação de cupão fixo teve a maior percentagem de respostas incorretas (60,9%).
Conhecimento efetivo sobre mercados e produtos financeiros (em %)
Como podemos ver também pelo gráfico acima, o conceito de juros compostos é entendido por um pouco menos de dois em cada três respondentes e a relação entre a diversificação e o retorno da carteira de investimentos é conhecida por cerca de três em cada quatro respondentes.
A hegemonia dos depósitos
Neste estudo, a CMVM também analisou os ativos financeiros detidos em carteira. Segundo a entidade, em média, a carteira de cada respondente é composta por 3,6 ativos. Este valor médio é superior nos indivíduos com mais de 35 anos e mais baixo nos respondentes com idade até 25 anos.
Os depósitos à ordem são o ativo que o maior número de participantes no inquérito detém (87,2%), seguindo-se os depósitos a prazo (57%). Por sua vez, no extremo oposto, os fundos de capital de risco e os depósitos estruturados são detidos por menos respondentes (2,6% e 3,8%, respetivamente).
Ativos financeiros detidos (em % dos respondentes) e Número de ativos financeirosdetidos
O estudo revela também que em 13,3% dos casos as carteiras são compostas por apenas um ativo financeiro. “Na grande maioria”, explica a CMVM, “esse ativo é o depósito à ordem, e em 4,4% das carteiras o único ativo são os criptoativos. Em nenhum caso o ativo único da carteira é um depósito estruturado, crowdfunding, fundos de capital de risco, fundos de pensões, obrigações de empresas ou produtos financeiros complexos”.
À exceção dos depósitos à ordem e dos criptoativos, os respondentes com menos de 26 anos detêm menos ativos financeiros. Já uma maior percentagem de indivíduos com idade entre 26 e 35 anos detém criptoativos, produtos financeiros complexos, unidades de participação de fundos de capital de risco e crowdfunding, enquanto os que têm mais de 35 anos possuem mais produtos das áreas bancária (depósitos), seguradora (seguros, planos de poupança reforma e fundos de pensões) e de dívida pública (certificados de aforro e do tesouro e obrigações do tesouro).
No que diz respeito à frequência com que estas carteiras de instrumentos financeiros são movimentadas para efetuar operações de compra/subscrição ou venda/resgate de ativos, em 10,1% dos casos existem transações pelo menos uma vez por semana ou mesmo todos os dias. Uma percentagem mais expressiva (43,1%) de carteiras é movimentada pelo menos uma vez por mês. “Outras carteiras (13,4%) não são movimentadas, o que é característico de uma estratégia buy-and-hold. Mais de metade destas carteiras com características buy-and-hold incluem ações (58,9%) ou fundos de investimentos (37,4%)”, explica a CMVM.