Descobrindo o Eurizon Fund Flexible Allocation: uma forma distinta de tirar partido das opções

Emilio Bianchi. Eurizon
Emilio Bianchi. Créditos: cedida (Eurizon)

O Eurizon Fund Flexible Allocation é uma das joias da gestora italiana Eurizon ainda por descobrir no mercado ibérico. O fundo ainda não é blockbuster na Península Ibérica, mas conta com Rating FundsPeople porque gerou resultados consistentes ajustados ao risco. Do seu processo de investimento, destaca-se o plus de rentabilidade e mitigação do risco que conseguem com o seu próprio estilo de trading de opções.

O que esperar do Eurizon Fund Flexible Allocation

O fundo parte de uma lógica de alocação de ativos prudente e equilibrada. A ausência de um ponto de referência permite à equipa de gestão reagir de forma flexível e oportunista às diferentes fases do mercado, aproveitando todos os fatores de retorno e todas as classes de ativos disponíveis para reequilibrar a carteira durante as diferentes etapas do mercado, excluindo até taticamente determinadas classes de ativos. Na prática, a exposição a ações oscila entre 35% a 55%, dependendo das condições do mercado.

A equipa de gestão, em conformidade com o processo de investimento e os critérios ESG da Eurizon, toma decisões de alocação de ativos adotando uma abordagem top-down. Depois de analisar o cenário do mercado, os gestores definem como ponderar as classes de ativos e, depois, a alocação geográfica/setorial com estratégias tanto a longo como a curto prazo. Identificam estratégias a longo prazo para captar tendências sobre temas estratégicos e estratégias a curto prazo para captar movimentos táticos. Uma ideia de investimento pode ser implementada através da combinação de estratégias de ações, de obrigações e de divisas.

Utilização diferencial de opções

Um dos elementos mais diferenciais da estratégia é a sua ampla utilização de derivados. “O papel das estruturas de opções é fundamental para otimizar o perfil de risco/retorno e gerir a volatilidade da carteira”, afirma Emilio Bianchi, responsável de HNWI Portfolio Management da Eurizon.

Os gestores utilizam significativamente estruturas opcionais para melhorarem o perfil de risco/retorno. E a sua utilização não é a clássica compra de opções call and put.

No EF Flexible Allocation, a estratégia de opções consiste em vender opções call and put sobre os principais índices do mercado. Esta abordagem permite, por um lado, proteger a carteira contra as correções sem sacrificar o seu potencial ascendente, e, por outro, criar posições longas durante as fases corretivas do mercado, reduzindo o risco de uma dessincronização do mercado. Tudo isso enquanto cobram prémios que acrescentam rentabilidade ao conjunto da carteira. “A nossa experiência ensina-nos que, a médio/longo prazo, é mais rentável utilizá-los para gerar receitas extra de forma contínua ao longo do tempo”, explica Emilio.

As estratégias com opções têm desempenhado um papel-chave para proporcionar retorno adicional ao fundo e ajudado a reduzir a volatilidade geral da carteira. “Deste modo, otimiza-se o perfil risco/retorno e é possível lidar com o ciclo económico e a tendência do mercado”, acrescenta o especialista.

Comportamento histórico do Eurizon Fund Flexible Allocation

Com esta abordagem equilibrada e metódica, o fundo conseguiu ter Rating FundsPeople em 2024 pela consistência dos seus resultados a longo prazo. Analisando o comportamento histórico do fundo, identificamos que as decisões estratégicas de sobreponderarem as ações globais, mais especificamente as do mercado norte-americano, desempenharam um papel-chave. A sua aposta na inteligência artificial também foi fundamental a partir de 2022.

Durante a correção de 2022, conseguiram minimizar a queda através de estratégias de volatilidade mínima e sobreponderando ações com elevados dividendos. Desta forma, ter uma duração curta (inferior a um ano) ajudou-os a mitigar o impacto do aumento das taxas de juro globais.

Assim, as obrigações do Tesouro norte-americano e o dólar proporcionaram um importante instrumento de diversificação e desempenho.

Últimas mudanças feitas na carteira

No contexto atual, o EF Flexible Allocation mantém uma abordagem construtiva. Utilizaram as quedas do ano passado para aumentar a sua exposição, especialmente a ações norte-americanas. Também beneficiaram das atuais macrotendências globais, como a inteligência artificial e o crescimento exponencial da procura por infraestruturas tecnológicas.

“Por agora, esta tendência parece continuar em 2024, e a nossa escolha é manter estas posições estrategicamente nos próximos meses”, conta Emilio Bianchi. Há algumas semanas, acrescentaram algumas apostas táticas e mais defensivas em mercados emergentes e no Reino Unido.

Exposição a obrigações

Quanto às obrigações, a maior mudança foi aumentarem a duração ao longo de 2023 com foco nos BTP italianos. “Oferecem uma boa subida em toda a curva de yields em comparação com as obrigações centrais da zona euro, que parecem ser menos atrativas”, argumenta o gestor.

Além disso, mantiveram uma posição estratégica tanto em obrigações investment grade, como em high yield, que mostraram uma redução significativa dos spreads ao longo de 2023. “Em 2024, parecem menos atrativas em comparação com o passado, mas continuam atrativas em termos de retorno absoluto e risco, visto que as empresas europeias têm uma disponibilidade significativa de liquidez nas suas carteiras e uma alavancagem geral contida, capazes até de resistir a uma desaceleração do crescimento”, defende Bianchi.