Dez anos de Xtrackers: como evoluiu a gestão de ETFs desde 2007?

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Foto cedida

O primeiro ETF lançado pela Xtrackers, a marca de gestão passiva da Deutsche AM, replicava o MSCI World de forma sintética. Isso aconteceu em 2007. Desde então a entidade fez crescer a sua família até alcançar atualmente 66.000 milhões de euros. Também efetuou uma importante transição, desde a réplica sintética à réplica física, executada em várias fases e praticamente terminada no passado mês de novembro com a adaptação das estratégias de obrigações.

“Passámos de ter 100% das estratégias em réplica sintética para ter 70% em réplica física e 30% em sintéticos por vários motivos: para poder oferecer ao cliente a possibilidade de eleger entre ambas as réplicas e porque, nalguns casos, o tracking pode ser mais eficiente em réplica sintética ou oferecer lucros em termos de rentabilidade. Para além disso, apenas se pode fazer uma réplica sintética em ETF alavancados, os que replicam commodities e os que cobrem mercados nicho, como por exemplo o Vietname ou o Bangladesh”, explica César Muro, especialista de investimento em gestão passiva do Deutsche AM. Graças a estes esforços, a Xtrackers tem-se posicionado na Europa como o segundo provedor de ETF UCITs por ativos sob gestão e o segundo provedor em réplica física.

Também é destacável o esforço por oferecer uma arquitetura muito aberta para poder trabalhar com distintas contrapartidas do swap no caso da réplica sintética. Segundo Muro, esta estratégia contribui para “a diversificação do risco, melhoria da rentabilidade, ao abrir muito mais o leque de concorrentes, e melhorar a liquidez na hora de criar e amortizar ações do ETF”. Também aumentou notoriamente o número de participantes autorizados (com capacidade para criar e amortizar o ETF) melhorando substancialmente o ecossistema de liquidez dos nossos ETF: “Há dez anos apenas tínhamos um participante autorizado e market maker, no nosso caso, o Deutsche Bank. Agora temos mais de 30, o que melhora muito mais a liquidez no produto”.

Compromisso continuado

O especialista de investimento destaca o compromisso continuado da Xtrackers com quatro premissas que têm estado presentes desde o seu nascimento em 2007: elevada qualidade na réplica de índices, inovação, custos competitivos e elevada liquidez. Sobre o primeiro ponto, Muro comenta que a entidade tem passado nos últimos anos as suas capacidades do sell-side – onde originalmente se realizava a réplica sintética – para o braço da gestão de ativos, que se encarrega atualmente da gestão de todos os fundos cotados. O especialista realça que “entendemos a boa qualidade em termos de rentabilidade e muito baixo desvio (tracking error)”.

Na parte dos custos, o especialista comenta a última revisão no corte das comissões por ocasião deste décimo aniversário: desde abril, a entidade cortou os custos de 19 ETF, que foram aplicados a 28 classes de ações. “Temos oferecido preços bastante competitivos, e o nosso ADN tem vindo a ser inovador”, insiste Muro, que cita como exemplos de inovação o lançamento do primeiro ETF que replicou o índice Barclays Global Aggregate (db x-trackers Barclays Global Aggregate Bond UCITS ETF) ou o primeiro ETF com exposição a ações chinesas classe A (db x-trackers CSI 300 UCITS ETF).

Adicionalmente, foram lançados alguns ETF que Muro classifica como “muito relevantes”, como o que replica o índice MSCI Emerging Markets com um TER de 20 pontos base, e que vem completar a oferta de ETF de Xtrackers que cobrem mercados “core” em réplica física. “Para além de quererem um produto que seja eficiente, que replique bem o índice e que apresente baixos custos, os investidores estão a procurar um produto muito líquido, muito fácil de negociar em bolsa e com spreads muito competitivos. Temos adicionado muitos recursos e uma arquitetura totalmente aberta”, resume Muro.

A entidade tem estado a trabalhar desta forma no lançamento de ETF temáticos de ações. “Temos começado com ETF “core” de mercados principais, e dentro deste core vemos os que são mais permeáveis a factores”, explica Muro por um lado. Por outro, nas estratégias satélites ou sectoriais, comenta que existem ideias mais temáticas que podem ajudar a gerar um pouco de alfa em segmentos como o private equity ou hedge funds. “O problema das temáticas é a tentação de investir em modas. Não queremos uma temática de moeda a preços ou valorizações exorbitantes”, refere Muro. Assinala que um dos elementos-chave para prosseguir com a inovação é a existência de procura por parte dos clientes e, nesse sentido, acredita que o segmento com mais probabilidades de desenvolvimento no futuro é o investimento ESG.

A olhar de frente para inovação futura, o especialista cita dois campos em concreto onde a Xtrackers considera que existe margem para acrescentar valor: ETF de obrigações com foco smart beta e ETF multifatorial. Muro esclarece que, mais que inovação, o terreno das obrigações ainda tem alguns segmentos que não foram cobertos com uma oferta apropriada de gestão passiva. “Por exemplo, ainda está por acontecer um maior desenvolvimento em ETFs de obrigações com durações mais curtas e segmentos de rating de mercado”, indica.

Aposta por equipa 

Antonio Royo-Villanova assume funções como especialista em vendas de produtos de gestão passiva e a sua principal função consiste na distribuição e expansão do negócio dos ETFs da Xtrackers em Portugal e Espanha, tendo recentemente integrado a equipa de gestão passiva da Deutsche AM em Espanha. A sua contratação enquadrou-se dentro da aposta global da casa mãe em gestão passiva: ao longo do último ano, contrataram-se 18 especialistas de vendas de ETFs na Europa e Ásia.

“O que procuramos é chegar a mais clientes e estar mais perto deles. Queremos ser mais proativos, ter um diálogo mais frequente com o cliente para encontrar as soluções que podem encaixar na sua visão de mercado e também queremos comunicar-lhes a nossa própria visão”, afirma Muro.

Acrescenta que, graças à ampliação da equipa, “podemos explorar mais um segmento novo no qual acreditamos que há potencial, as seguradoras: cada vez há mais clientes que têm preocupações sobre ETFs e estão dispostos a investir”.