A joint CEO da MackayWilliams, numa conversa com a Funds People na sequência da ALFI Global Distribution Conference, explicou a sua visão relativamente ao contexto atual da indústria de fundos de investimento.
No âmbito da ALFI Global Distribution Conference, conversámos com Diana Mackay, joint CEO da MackayWilliams, que nos explicou de que forma vê o panorama atual da indústria de fundos de investimento e qual a sua visão para o futuro.
“A Europa está a explodir em termos de atividade”, revela a especialista com uma dose de surpresa. E mostra-se surpreendida porque enquanto que no ano passado tudo esteve bastante calmo, “o volume de entradas em fundos durante este ano passa a ideia de que existe uma enorme confiança nos mercados. Mas falando com as pessoas verificamos que existe uma preocupação e incerteza enorme”, explica.
Este volume de entradas em fundos de investimento, no ponto de vista da especialista, está relacionado com o facto das taxas de juro estarem baixas há bastante tempo, o que forçou os consumidores a virarem as suas atenções dos depósitos para os fundos de investimento. Por outro lado, mostra-se preocupada com o panorama atual: “Não sabemos o que poderá desencadear, mas teremos uma grande correção no futuro e preocupa-nos que afete o mercado de obrigações”.
Ações fora do centro das atenções
No contexto atual dos mercados, a especialista acredita que o segmento acionista tem vindo a ser colocado de parte, algo que poderá estar relacionado com diversos factores, sendo o legado da crise financeira um deles. Por outro lado, “muitos dos modelos de alocação de ativos utilizados pelos selecionadores de fundos levam a que as suas carteiras fiquem overweight em ações, pelo que tentam equilibra-las através da compra de obrigações”, revela a especialista. Acredita, ainda, que a indústria tem sido bastante criativa no que diz respeito à criação de fundos de obrigações que oferecem uma rentabilidade semelhante à dos fundos de ações, o que favorece o fluxo de entradas no segmento obrigacionista.
Perigo vindo do segmento obrigacionista?
Na verdade, a especialista é da opinião de que a atuação dos bancos centrais é o único aspeto tido em conta por parte dos gestores de ativos: “As decisões dos bancos centrais estão por detrás de todos os movimentos que temos vindo a observar”, começa por dizer. Isto porque a atuação dos bancos centrais “é mais fácil de refletir no preço e, neste momento, a indústria de fundos de investimento está a apostar que os bancos centrais não farão nada que sacuda o mercado”.
Neste sentido, a joint CEO da MackayWilliams concorda com a visão de que os bancos centrais não tomarão nenhuma atitude que coloque em risco os mercados, mas admite que “os riscos que têm sido assumidos no segmento das obrigações são maiores do que alguns investidores pensam, uma vez que vemos a necessidade de comprar maior volume de produtos high-yield para aumentar a rentabilidade do fundo”.
E este é um dos possíveis problemas que a especialista coloca na equação. “Posso estar sozinha nesta ideia, mas o volume de entradas registado no segmento de obrigações força o mercado a incluir produtos high yield. E, como estes não são tão líquidos, se ocorrer uma correção é difícil liquidar estas posições para equilibrar as perdas, o que pode levar ao encerramento dos fundos”, explica. Por outro lado, ainda que admita que possa estar a ser demasiado pessimista, Diana Mackay reafirma a sua ideia: “Alguma coisa irá acontecer, essa é a minha preocupação. Nunca se verificou um fluxo de entradas tão grande nos fundos sem uma correção a determinada altura”, conclui.