A Dolat Capital apresentará amanhã um fundo de obrigações internacionais desenvolvido na totalidade pela mão da SCI. Em entrevista à Funds People, Carim Habib, managing partner da entidade, fala do que apelida ser um “fundo de autor”.
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A Dolat Capital, chegada ao mercado em abril de 2016, surge agora como investment advisor - e responsável pela idealização e concepção - de um fundo de obrigações que poderia, aparentemente, “confundir-se” com outra estratégia de mercado da mesma classe de ativos. Mas desengane-se. O caráter inovador e pioneiro do fundo Dolat Renta Fija International, justifica-se pela “distinta disciplina de investimento” e “pela abordagem executada no fundo”. Quem o refere é Carim Habib, managing partner da sociedade de consultoria para investimento nacional, que num movimento pioneiro em Portugal configura-se como investment advisor de um produto, em parceria com o espanhol Andbank Asset Management, que assume a figura de investment manager do mesmo.
Fundo de autor
A minúcia e detalhe de uma cozinha gourmet – com ingredientes selecionados, temperos da mais alta qualidade ou um serviço deveras personalizado - pode dizer-se que também foram condimentos usados no laboratório de feitura do Dolat Renta Fija International. Um fundo de autor, que quase se equipara “a um fundo boutique”. É nessa lógica que Carim Habib gosta de pensar neste produto, introduzindo-o como um fundo que não é de todo benchmark driven: “nem ao nível das métricas de risco/ retorno, nem nos próprios instrumentos dentro do fundo, e muito menos no próprio número de ativos dentro da carteira”. Acrescenta, por isso, que se trata de um fundo relativamente concentrado, muito research driven, nunca esquecendo uma perspetiva contrarian, que lhe permite, por exemplo, ter a possibilidade de estar com um pé na Etiópia e outro na Grécia.
Três Pilares
São essencialmente três os pilares que estão na base de construção do produto. No primeiro pilar – que delimita a definição dos instrumentos financeiros usados em carteira – a Dolat implementa as suas convicções base. “Só utilizamos obrigações de dívida sénior e apenas investimentos em moeda forte”, exemplifica, acrescentando também a desconfiança que têm relativamente a emissões de bancos comerciais, que os faz optar por não investir nestes ativos. “Estas são restrições que auto impomos e que achamos que fazem do fundo um instrumento diferente”, sintetiza. Contudo, estes são também critérios deveras importantes para a limitação do risco do portefólio, que tanto querem preservar.
Essa delimitação do risco ganha ainda maior forma naquele que é o segundo pilar onde o fundo assenta, e que tem por base as teses de investimento criadas in house. Carim Habib conta que para a construção dessas teses “apenas recorrem a fontes públicas”, às quais juntam “critérios proprietários da casa”. A este nível a avaliação do risco de crédito e do risco político é determinante. Por isso, a tese de investimento “nunca é lata”, e centra-se sempre numa emissão em específico: “cobrimos todos os aspectos relevantes dos emitentes e das emissões, desde a estabilidade política do país até à componente de relação externa com outras economias, passando ainda pela ‘saúde’ do sistema bancário do país em causa”. Dessa experiência, confessa que olham “muitas vezes para o risco de crédito e político de um emitente e chegam à conclusão de que o risco está mal refletido no preço”. Nesse sentido, tornam-se profundos conhecedores dos riscos políticos de determinados países, de forma a perceberem se se sentem ou não confortáveis com o risco a tomar e, por isso, dão especial importância ao “histórico de default” das nações em causa. Com a profundidade deste processo de análise a ideia é “ter o rendimento single B, mas ao mesmo tempo ter o risco controlado de forma a que numa situação de default se possa estar suficientemente protegido. Esse valor que não está refletido no preço do mercado é o que nós queremos extrair”.
A construção do portefólio é o último dos três pilares. Com a ambição de quererem ter um portefólio concentrado, ativo e de baixa rotação, admitem que a volatilidade em alguns momentos poderá ser mais elevada, mas o risco deverá ser medido não pela volatilidade, mas sim por uma perda de capital permanente, o que de todo querem evitar. “Idealmente o portefólio deverá ter entre 30 e 40 nomes”, pois consideram que se a diversificação for excessiva vão “estar muito mais próximos de estratégias passivas”, o que não é o pretendido. Em termos de exposição a cada título, limitam cada emissão a 5% do portefólio, enquanto que para cada emitente se limitam a um máximo de 10% de alocação. O fundo é denominado em euros, e haverá uma cobertura quase total do risco de câmbio.
Política comercial... e futuro
Uma prova da confiança no investimento efetuado pelo produto é o facto de a própria equipa da Dolat ser participante no fundo, nas mesmas condições que os restantes investidores. Com os olhos postos nos próximos 6 meses, Carim Habib aponta como meta de AuM um valor a rondar os 5 milhões de euros, que permitirá a implementação do portefólio modelo.
Ao nível da política de distribuição querem ter dois ou três investidores institucionais âncora e, posteriormente, uma distribuição com algumas entidades em Portugal e em Espanha.
Porque o que conduziu a Dolat neste percurso foi precisamente a convicção de que se pode sempre chegar mais longe, Carim Habib não descarta a hipótese de melhoria do processo de investimento, por exemplo através de visitas futuras aos emitentes onde investem. “Achamos que isso está ao nosso alcance, e que só precisamos de ter dimensão para o fazer”, remata.
Nascidos na era MiFID II e completamente cientes da necessidade de dispersão de conflitos de interesse no negócio que executam, Carim Habib fez ainda questão de assinalar que nas carteiras dos clientes a quem fazem advisory não farão a recomendação de investimento no Dolat Renta Fija International.