Duas coisas que chamam à atenção sobre o comportamento da dívida emergente

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Créditos: Simon Zhu (Unsplash)

A teoria de investimento da dívida corporativa de mercados emergentes não está a passar despercebida. O interesse gira em torno de um vasto leque de investidores. Por um lado, estão os que procuram melhorar as suas carteiras de crédito desenvolvido (cross-cover). Por outro, os investidores em dívida soberana emergente que procuram melhorar a sua diversificação, qualidade creditícia e potencial de alfa. Também as seguradoras procuram otimizar rentabilidade do seu capital. Algumas gestoras internacionais têm um produto deste tipo no primeiro lugar de vendas líquidas este ano. É o caso da Goldman Sachs AM com o GS Emerging Markets Corporate Bond Portfolio, fundo com Selo FundsPeople 2021, com a classificação Blockbuster.

No que concerne a evolução deste mercado no ano passado, Jasper Sagoo, gestor do produto, chama a atenção para duas coisas. A primeira é o seu retrocesso 25% mais baixo do que o da dívida soberana, com uma volatilidade significativamente inferior. A segunda, é que a taxa de incumprimento dos emissores corporativos high yield (que representam aproximadamente 40% do universo de investimento em obrigações emergentes foi de 3,5%. Este nível contrasta marcadamente com o do crédito high yield americano, de 7%.

“Durante 2021 vimos a classe de ativos a continuar a fornecer um fluxo mais estável de rentabilidade de investimento. Isto foi assim, sobretudo, durante a fase de volatilidade induzida pelas taxas de juro americanas durante o primeiro trimestre. A sua menor duration (mais de três anos inferior à da dívida soberana) impactou positivamente na rentabilidade total”, explica.

Rentabilidade da dívida corporativa soberana de mercados emergentes, ajustada à nova base 100 a 1 de janeiro de 2021

Fonte: GSAM, índices JPM Broad Diversified e JPM EMBI Global Diversified

Ainda que o período estudado englobe numerosos episódios de volatilidade, é, sem margens para dúvidas, curto. Disto isto, Sagoo acredita que os resultados não deverão ser necessariamente uma surpresa. “Nos últimos cinco e 10 anos, o rácio de Sharpe da dívida corporativa de mercados emergentes figura entre os melhores de uma seleção de segmentos de obrigações”, recorda.

Mais dados pouco conhecidos sobre a classe de ativos

Após as piores fases da crise da COVID-19, a deterioração dos fundamentais medido pela alavancagem líquida foi inferior à experimentada em 2015. E devido, em parte, a uma sólida gestão empresarial, espera-se que esta medida recupere plenamente até aos níveis prévios à pandemia durante 2021. Esta experiência contrasta com o crédito dos mercados emergentes. Aqui, os segmentos com investment grade e high yield sofreram um debilitamento mais substancial dos fundamentais. “A alavancagem líquida do crédito americano high yield, em particular, aumentou numa unidade de alavancagem”, destaca.

De uma perspetiva de valuation, o gestor considera que existe uma tese de valor relativo convincente face a outras alternativas de crédito. “Os investidores em dívida corporativa de mercados emergentes ganham mais do dobro do spread por unidade de alavancagem face ao que oferece o crédito high yield americano”, afirma.

Enquanto a dívida soberana de mercados emergentes parece mais barata em termos de faixa de cotação histórica, o panorama fundamental das empresas emergentes parece mais estável e menos incerta do que muitos países soberanos de todo o mundo. “A dívida corporativa emergente ainda oferece uma TIR num mundo de taxas baixas e as suas valuations são ainda atrativas face ao crédito de mercados emergentes”, conclui.

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