É tempo dos hedge funds assumirem a liderança no mercado europeu?

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xoxo_alana, Flickr, Creative Commons

A empresa de research global Cerulli Associates inicia o seu  último relatório intitulado de “The Cerulli Edge – Europe Edition” lembrando que a indústria europeia de hedge funds, que soma 368.2 mil milhões de euros, registou um retorno de 2.1% na primeira metade de 2014, menos de um terço dos 6.7% de ganhos conseguidos pelo benchmark STOXX Europe 600 Index.

Debruçando-se sobre estes resultados aquém dos esperados, a empresa de análise traça algumas das razões inerentes à baixa performance dos hedge funds, frisando o papel que a gestão ativa vai ter daqui em diante comparando com outras épocas. 

“A última vez que os hedge funds superaram as ações europeias foi em 2008, altura em que os hedge funds caíram 17,4% tal como medido pelo Eurekahedge European Hedge Fund Index, e o STOXX Europe 600, por seu lado, caiu 43%”, indica Barbara Wall, diretora de research europeu na Cerulli Associate. “Desde essa altura os hedge funds têm lutado contra a intervenção dos governos, pressionados pelos reguladores, pelas baixas taxas de juro, e pela queda na volatilidade, o que tem dificultado a capacidade dos gestores entregarem resultados”.

David Walker, sócio diretor da Cerulli sublinha que “os profissionais que fazem alocação estão preocupados que os gestores de hedge funds não estejam a tomar riscos suficientes nas suas carteiras de forma a gerarem retornos satisfatórios. Mas as oportunidades estão a crescer. As empresas estão inundadas de liquidez e à procura de aquisições”.

Casos como o BES podem ser oportunidade

Neste âmbito das aquisições, de notar que a empresa de análise faz referência ao “quase colapso do Banco Espírito Santo, em Portugal”, bem como ao “recente default de dívida Argentina, conjuntamente com a crescente inquietação na Ucrânia e no Médio Oriente, que têm vindo a afectar os mercados”. Em conclusão refere que provavelmente “é altura de alguns dos hedge funds começarem a ganhar o seu dinheiro”.

E nos EUA?

Noutro mercado distinto, o norte-americano, vale apena reforçar a compilação da MarketWatch, que apresenta detalhes sobre as operações de compra e venda de empresas cotadas por parte dos hedge funds em abril, maio e junho deste ano.

A empresa que registou um aumento de posições mais avultado, de 7,3%, foi a Ally Financial, que teve de ser resgatada pelo governo norte-americano e que se estreou em bolsa a 10 de abril deste ano. Entre os hedge funds interessados na firma, estão Daniel Loeb, fundador da empresa Third Point, que adquiriu 45,6 milhões de ações da Ally Financial. Outro dos nomes em destaque é o de John Paulson, ainda que a sua aquisição tenha sido menor: 2 milhões de ações, por um valor estimado de 48 milhões de dólares.

A segunda empresa que registou o maior movimento, com um crescimento de 6,3%, foi a farmacêutica Allergan, que atualmente está imersa numa OPA da sua rival Valeant Pharma. A MarketWatch recorda que a operação foi impulsionada pelo investidor ativista Bill Ackman, cujo hedge fund Pershing Square aproveitou para comprar 28,3 milhões de ações durante o segundo trimestre. Também o nome de Paulson volta aparecer dentro da componente acionista da Allergan, já que adquiriu uma nova participação de 5,6 milhões de ações.