Michael Barakos, director de investimentos e responsável pela equipa de acções europeias na J.P. Morgan AM, explica a estratégia seguida no JPMorgan Funds-Europe Equity Plus.
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"Quando se compra valores de bolsas europeias, não se está a comprar a economia europeia. A economia desempenha um papel irrelevante considerando a solidez e o grau de internacionalização que atingiram as empresas europeias". Isto é, segundo Michael Barakos, director de investimentos na J.P. Morgan AM , um factor muito importante que os investidores devem ter muito presente no actual cenário de debilidade que atravessa a economia do Velho Continente. As acções europeias estiveram sob uma grande pressão vendedora, principalmente devido aos problemas de natureza política e económica da região. No entanto, a solução não é fugir, mas para explorar as oportunidades.
De acordo com este responsável, o método proposto pela J.P. Morgan Funds-Europe Equity Plus, fundo que procura aproveitar o potencial das acções europeias através de uma combinação de posições longas e curtas. A carteira é composta por um número entre as 150 e 300 empresas, sendo que os gestores procuram valores com as melhores características (qualidade, crescimento) com base na premissa de que as empresas de qualidade com avaliações atractivas e boas perspectivas de obter receitas valor e características de crescimento com base na premissa de que empresas de obtenção de lucros tendem a comportar-se melhor no longo prazo. "A avaliação é a chave e o mais importante. Embora não se tenham atingido os níveis de Março de 2009, as acções europeias continuam atractivas tanto em termos de valorização como em termos de ‘dividend yield’", refere.
Mas o investidor deve ter cuidado, porque, segundo explica Barakos, no mercado europeu existem armadilhas de valor. "Algumas empresas que parecem baratas mas não o são: estão cotadas em níveis historicamente baixos por uma boa razão”. Por esses motivos, a avaliação não é o único filtro aplicado pela equipa. Existem mais factores que a equipa gestora considera cruciais para saber se uma empresa constitui uma boa oportunidade. Entre eles, o director de investimentos cita a qualidade do negócio da empresa, algo que considera muito importante, sobretudo em períodos de correcção (fluxos de caixa, balanços, retorno do capital investido...) e o ‘momentum’ (monitorizando diariamente a evolução do negócio da empresa e fazendo uma distinção entre as empresas que saem reforçadas da crise e as que não). O outro pilar sobre o qual se fundamenta a estratégia é tirar partido de empresas caras, de baixa qualidade e poucas perspectivas de ganhos.
O JPMorgan Funds-Europe Equity Plus estabelece assim uma segunda fonte de alfa através de posições curtas, que por sua vez, aumentam a quantidade de dinheiro activo disponível para a adopção de posições longas adicionais, aumentando simultaneamente o potencial de rendibilidade da carteira. Segundo explica, a possibilidade de compensar posições longas e curtas ajuda a controlar a volatilidade e utilizar previsões de risco de forma mais eficiente. "O fundo está totalmente investido. Cerca de 130% em posições longas e 30% em curtas”. A Easyjet é um exemplo de acção na qual mantém uma posição longa, enquanto que Aggreko representa uma posição curta.
Sentimento melhorado, mas…
“A Europa esteve submetida a uma forte pressão vendedora que foi um mal cortado pela raiz após Mario Draghi afirmar que faria o necessário para evitar o colapso do euro. A intervenção do presidente do BCE mudou radicalmente o sentimento negativo que até então existia relativamente ao mercado accionista, que agora representa uma atractiva oportunidade de investimento no longo prazo. A curto prazo, a menor visibilidade sobre o futuro económico poderá provocar uma correcção que, na minha opinião, será saudável. Não obstante, o maior risco com o qual nos deparamos no longo prazo é que a melhoria do sentimento em relação às bolsas europeias não se faça acompanhar de uma recuperação dos fundamentais das empresas”, assegura
A seu ver, “é positivo que o sentimento vá melhorando, mas se os resultados não acompanham, temos um problema no longo prazo. Este é um factor que convém acompanhar de perto”, assinala. O estancamento dos ganhos é algo que se está a verifica em algumas empresas do sector das telecomunicações, como a Telefónica. “É uma empresa muito endividada que, na minha opinião, constitui uma armadilha. As expectativas são tão baixas que inclusivamente teve que suprimir o dividendo. Caso essas perspectivas melhorarem é que poderia aparecer neste sector um maior número de oportunidades”, afirma.
De facto, Barakos reconhece que o fundo aposta por outras empresas do sector que, podendo ainda parecer mais caras, podem superar as expectativas. Pelo contrário, o director de investimentos mostra-se muito optimista relativamente ao sector financeiro sobretudo relativamente a seguradoras, que genericamente estão muito baratas. “É um sector muito emocionante. Nos últimos 6-7 meses estamos sobreponderados em entidades financeiras”, assegura. Embora reconheça que, após os ‘stress tests’, se sentiu mais cómodo com as posições detidas em entidades bancárias de Espanha e Itália, que não acredita que estejam baratas. O JP Morgan Funds-Europe Equity Plus, com ‘rating’ Morningstar cinco estrelas, alcançou situar-se no primeiro percentil a três e cinco anos, com uma rendibilidade anualizada que, nos últimos três anos, alcança os 15,8%.