Ainda que estejam a ser feitos alguns avanços, o número de mulheres nos órgãos máximos de direção das empresas ainda está muito longe da paridade.
Os números de mulheres nos órgãos de direção das empresas está muito longe da paridade. Um estudo global realizado pela BNP Paribas Asset Management, tendo como referência 17.000 empresas cotadas da base de dados dos Serviços Institucionais para Acionistas, mostra que as mulheres constituem, em média, 18% dos conselhos de administração das empresas.
As diferenças regionais são consideráveis. Europa, África do Sul e Austrália são as regiões mais avançadas em termos de paridade entre administradores, enquanto a Ásia, a América do Sul e o Médio Oriente são as menos diversas. O tamanho da empresa, o país de constituição e a legislação local também têm um impacto significativo nos níveis de participação feminina nos conselhos de administração.
Como exemplo, basta dizer que “69% das grandes empresas do Velho Continente publicaram objetivos de diversidade, face aos 28% das pequenas. As mulheres constituíam 36% da média dos conselhos de administração das empresas europeias de grande capitalização que negociavam em bolsa em 2021, face aos 16% de 2011”, indicam no Bank of America.
Entre as grandes multinacionais nas quais as mulheres ocupam os postos de diretora-geral ou presidente do conselho de administração e cujo conselho de administração é composto por um terço de mulheres, encontram-se empresas como Accenture, Hershaey, H&M, Macquarie, Rolls Royce, Sodexo, Starbucks, Swatch, UPS ou Walt Disney.
O que representam e o que lideram
A bandeira vermelha de uma meritocracia que funciona mal é o desequilíbrio nos salários entre homens e mulheres. E isso é uma tendência que se repete na maior parte do planeta. As faixas inferiores são pior pagas, pelo que os rendimentos médios são menores.
“Por exemplo, nos Estados Unidos, as trabalhadoras representam 47% da mão de obra, 31% das diretoras do S&P 500 e apenas 6% são diretoras-gerais. Ao ver estes números, podemos perguntar-nos se houve um algum progresso nas últimas décadas. “A resposta é que houve um progresso significativo, mas é irregular e aconteceu apenas em alguns lugares”, refere Sennet.
Comparação de salários
A diferença de salários entre homens e mulheres continua a ser considerável. Na UE as mulheres ganham uma média de 86 dólares por cada 100 dos homens, e nos EUA ganham 83. “Para esta diferença contribui em grande medida a penalização pela maternidade, ou seja, a perda de rendimentos que sofrem as mães devido à retenção dos aumentos por antiguidade, ou ao abandono da empresa pelas dificuldades em conciliar o seu contexto laboral com as necessidades de ser mãe”, explica o especialista.
Nos países de baixos rendimentos, os problemas vão mais além, agravados pela falta de recursos, o baixo nível educativo e as tradições conservadoras para as mulheres. “É um tema preocupante, já que o poder económico dos homens pode tornar-se rapidamente em poder social”, conclui.