Erros a evitar para não ficar desiludido ao investir em megatendências

telemóvel, fotografia, tecnologia
Photo by Suhyeon Choi on Unsplash

Além do ISR, as megatendências são outra grande aposta das gestoras para completar a sua gama. São produtos de venda gratificantes, já que a sua estratégia de investimento é sustentada por uma história interessante de se contar ao investidor. O envelhecimento da população, o uso de inteligência artificial, o desenvolvimento de veículos elétricos ou autónomos… São mudanças fascinantes que o cliente pode ver com os seus próprios olhos. O problema é que a chave de todos os investimentos é na prática, conseguir gerar uma rentabilidade mais alta do que aquela que dita a teoria. E nas megatendências, há risco de deixar-se levar pelo furor.

Não é algo novo. Em plena febre do ouro, as pessoas abriam lojas para vender picaretas e pás aos mineiros de ouro em vez de investirem nas empresas mineiras importantes. É da natureza humana deixar-se levar pelas emoções e pela montanha russa de sensações que se reflete no seguinte gráfico:

graficotendencias-robeco

“Segundo o Hype Cycle, as pessoas tendem a reagir exageradamente às novas tecnologias mais apelativas, sobretudo quando os meios de comunicação atuam como amplificador”, explica Henk Grrotveld, responsável da equipa de investimento em tendências da Robeco. Na opinião do especialista, este é um mau momento para pensar em identificar grandes vencedores.

Depois deste pico chegaria o da desilusão. Após uma fase de sobrevalorização inicial das expetativas, as tecnologias não pensam dar às pessoas o que elas esperam. E, muitas das vezes, cai-se num abismo de desilusão. Não obstante, as tecnologias válidas que conseguem superar esta fase complicada, assentam e continuam a crescer. Mas custa às pessoas assimilar esta nova informação, e é aí que intervém um desvio de comportamento do qual os investidores podem beneficiar. Esta é a melhor fase para os investidores entrarem no mercado.

Quando a taxa de adoção da tecnologia alcança um nível crítico – que instintivamente deve rondar os 5% - os investidores podem centrar-se num universo de empresas mais reduzido, de onde devem escolher os valores que incorporam a sua carteira. As fases que Gartner denomina de curva de conhecimento e fase de produtividade, mostram que quem sobreviver ao período inicial pode unir-se a um grupo mais seletivo de vencedores. O universo dos fabricantes de smartphones, por exemplo, reduziu-se somente aos vencedores: Apple e Samsung. Por outro lado, os robots industriais estão nesta fase da curva de conhecimento. “Deixamos para trás as expetativas exageradas, e agora os investidores subestimam o potencial das empresas de robótica”, assegura o especialista da Robeco.

Durante a fase de lançamento da inovação, os investidores podem optar por investir num cabaz amplo de tecnologias, já que não é possível identificar um claro vencedor. É o caso da tendência da digitalização e da bolha das “dotcom”, nas quais inicialmente, face às reduzidas barreiras de entrada, foi criada uma diversidade de novas empresas e muito poucas delas saíram vencedoras.” Para concluir, entender as fases que atravessam as expetativas e conhecer as tendências de comportamento associadas a cada uma delas pode ser uma fonte única e fiável de alfa”, resume Grootveld. Juntamente com uma sólida análise de fundamentais, pode constituir uma grande fonte de monetarização de tendências, já que ao entendermos estes comportamentos – o dos filtros derivados da experiência humana – proporcionamos aos investidores uma capacidade preditiva superior à do mercado.