ESMA pede explicações claras sobre o impacto da inflação na hora de trabalhar com clientes de retalho

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Créditos: Florian Klauer (Unsplash)

A Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) publicou um comunicado a pedir às empresas para considerarem a inflação e o seu impacto na aplicação dos requisitos pertinentes da MiFID II, com o objetivo de proteger os investidores. “Nos últimos meses, as taxas de inflação aumentaram na UE, tal como no resto do mundo. Este crescimento da inflação teve repercussões nas famílias, tanto na sua vida quotidiana, como nos seus investimentos e decisões de investimento”, afirma a ESMA.

Para a ESMA, do ponto de vista da proteção dos investidores, a inflação representa um risco para os investidores de retalho ou minoritários, uma vez que alguns deles não irão avaliar totalmente a relação entre a inflação e os mercados financeiros. Podem não entender completamente como as considerações sobre a inflação devem ser levadas em conta quando tomam decisões de poupança e investimento.

Garantir a compreensão dos clientes de retalho

A ESMA considera que as entidades devem garantir que a informação dirigida aos clientes de retalho reflita, de forma compreensível, os riscos da inflação e o possível efeito que esta pode ter no valor e na rentabilidade do investimento. Por exemplo, ao oferecer um instrumento financeiro com alguma garantia ou proteção de capital, deve ser explicado claramente que tal garantia ou proteção de capital não irá proteger os investidores do efeito da inflação ao longo do tempo e que a rentabilidade ajustado à inflação pode ser negativa.

Também consideram importante que os horizontes de investimento dos clientes sejam avaliados e compreendidos cuidadosamente tendo em conta a inflação, como também assegurar o grau necessário de diversificação de risco. “Que o cliente compreenda adequadamente a relação entre risco e rentabilidade (incluindo, conforme o caso, o impacto que a inflação possa ter na rentabilidade nominal, a necessariamente baixa remuneração dos ativos isentos de risco e o impacto do horizonte temporal nesta relação, bem como a repercussão dos custos e das despesas gerais nos seus investimentos)”, sublinha o regulador.

Próximos passos

O regulador considera que as empresas de investimento podem desempenhar um papel na consideração da inflação e do risco de inflação, tanto na elaboração e distribuição de produtos de investimento, como na prestação de serviços de investimento a clientes de retalho. As empresas de investimento também podem contribuir para a sensibilização dos clientes sobre o risco da inflação.

A ESMA e as Autoridades Nacionais Competentes (ANC) irão continuar a vigiar de perto os mercados financeiros e os seus participantes, a fim de salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro da UE, reforçando a proteção dos investidores e promovendo mercados financeiros estáveis e organizados.