Directora-geral da Schroders para Portugal e Espanha sublinha que é necessário ter atenção à volatilidade, mas acredita que investidores irão continuar a aumentar risco nas suas carteiras no próximo ano.
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Em entrevista à Funds People Portugal, Carla Bergareche destaca o facto de os eventos estarem a dominar os mercados e a exposição dos investidores ao risco. Quanto a apostas da gestora para 2013 encontram-se acções europeias, crédito, dívida de emergentes, fundos globais e soluções multi-activos.
Actualmente, em que activos estão mais positivos?
Estamos positivos em activos de risco, em acções, tendo em conta o nível a que se encontram as avaliações. Contudo temos de ter em consideração que a volatilidade vai manter-se elevada, continuam a existir grandes riscos, questões como se a economia chinesa vai sofrer uma forte desaceleração - o que não é a nossa opinião -, o desnivelamento fiscal, o que irá acontecer à Grécia, à Europa. Resumindo estamos positivos em activos de risco numa perspectiva de médio prazo, mas é preciso estar preparado para lidar com a volatilidade. Nas acções, os Estados Unidos têm sido o nosso mercado preferido porque começaram as reformas mais cedo; os balanços das empresas do sistema financeiro estão mais sólidos, já começaram a emprestar, ou seja, estão mais adiantados no ciclo; os preços da habitação parecem estar a estabilizar e os balanços das empresas são fortes. São um país competitivo e, como tal, os EUA têm sido um dos nossos países preferidos. Em Julho também passamos a ter uma aproximação positiva à Europa, enquanto região.
E tem havido mudanças nos últimos tempos nas exigências dos clientes?
Este ano tem sido muito volátil, como foi 2011. O primeiro trimestre foi muito positivo para os mercados, nomeadamente para a indústria europeia de fundos de investimento e os clientes tomaram um pouco mais de risco. Depois no segundo trimestre alterou-se completamente, os clientes voltaram outra vez a activos defensivos; portanto, nesse sentido, a procura moveu-se juntamente com a volatilidade e com a aversão ao risco. Penso que Julho foi o pico em termos de aversão ao risco. Os eventos macro têm estado a dominar os mercados e condicionar a disponibilidade dos investidores de tomarem risco e, consequentemente, o tipo de produtos que querem.
Está previsto o lançamento de novos produtos? Com que estratégias?
Estamos sempre a tentar evoluir. Temos SICAVs como o Gaia, por exemplo, que é uma referência no segmento de 'hedge funds' UCITS III, e no qual lançamos no passado dia 1 de Outubro um produto macro, o fundo Schroder GAIA Global Macro Bond; tal como estava a dizer, os eventos macro estão a dominar. Durante o ano lançámos produtos como o European Total Return, que creio que encaixa bem com a grande tendência a que estamos a assistir no mercado do lado da procura e que é a procura por rendimento e por estratégias de 'absolut total return' e também o desejo de produtos mais globais, dadas as diferenças entre as regiões. Também lançámos o fundo Schroder ISF Global MultiAsset Income', o que se encaixa na tendência de procura por rendimento que, pensamos, olhando para a frente, vai ser importante, porque num mundo com baixo crescimento e rendibilidades baixas, a ‘yield’ vai a ser uma componente mais importante no retorno total.
Têm aumentado os recursos com a aposta nessas tendências?
Uma das vantagens da Schroders é ser uma sociedade independente com um balanço sólido e isso dá-nos a possibilidade de investir no negócio em momentos como este. Por exemplo, na taxa fixa acrescentámos um número significativo de recursos à equipa durante os últimos 18 meses; recentemente contratámos uma equipa de dívida de mercados emergentes de retorno relativo, temos produtos muito bons de mercados emergentes mas de retorno absoluto, e aí lançámos três produtos; contratámos também um responsável global de macro, outro de crédito europeu e do Reino Unido... Estamos a aumentar significativamente os recursos, porque temos tido muito negócio na área de taxa fixa, e novas capacidades, que pensamos que, olhando para o futuro, com as 'yields' tão baixas, são necessárias para atacar mercados como os de divisas, macro e mercados emergentes.
Olhando para o próximo ano, e em termos globais, o que espera?
Penso que os mercados vão continuar voláteis, e que é importante, tanto em Portugal como em Espanha, limpar o sector financeiro para que fique com os balanços sólidos e possa puxar pela indústria de fundos e esta possa crescer. Em termos de procura de produtos acredito que os clientes irão aumentar um pouco o risco nas suas carteiras como tal iremos focar-nos em acções; por exemplo quanto a acções europeias, os clientes têm estado subexpostos a esta categoria e, tendo em conta onde se situam as avaliações, vão aumentar a exposição. Entre as obrigações vamos continuar a apostar em crédito e em dívida de mercados emergentes e em fundos globais que têm a capacidade de encontrar as melhores soluções no mundo para investir. E de referir também as soluções multi-activos, que se encaixam muito bem neste momento de mercado, porque não têm apenas acções ou obrigações mas tudo, incluindo alternativos, divisas... quanto maior o universo, maiores as oportunidades. Em termos de procura é onde nos vamos focar no próximo ano.