Um gestor do nível de Alexis Renault faz com que o fundo ofereça consistência, não só nos seus resultados como também na sua gestão metódica e prudente.
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O diretor global e gestor do fundo ODDO BHF Euro Credit Short Duration, Alexis Renault, analisou recentemente o panorama económico atual e as suas implicações para o fundo desta casa franco-alemã com mais de 170 anos de história. As ideias do profissional, com quase 30 anos de experiência no setor, clarificam a estratégia do fundo num contexto de flutuação das taxas de juro e de preocupação com a inflação.
Expetativas de taxas de juro e inflação
Alexis Renault destacou que existe uma expetativa geral de cortes de taxas de juro tanto nos EUA como na Europa, com previsão de dois cortes nos EUA e de três na Europa. No entanto, sublinhou a incerteza que rodeia estas expetativas, visto que os bancos centrais dependem, em grande medida, dos dados. A trajetória da inflação é especialmente fundamental, e o profissional expressou que acredita que a inflação vai estabilizar-se acima dos 2% devido a vários fatores estruturais:
- Desglobalização: a atual mudança para uma menor integração económica mundial.
- Transição ecológica: os investimentos e as mudanças associadas à adoção de práticas mais sustentáveis.
- Falta de mão de obra: os atuais problemas do mercado laboral, que poderão fazer com que os salários aumentem.
- Desafios de produtividade na Europa: questões que poderão dar lugar a um aumento sustentado dos custos.
Estes fatores contribuem coletivamente para um contexto inflacionista persistente, segundo Alexis.
Correlação mínima com as taxas de juro e menor volatilidade em comparação com outros ativos
Alexis Renault explicou que este fundo da Oddo BHF AM é caraterizado pela sua baixa duração, com durações de 1,3 na pior das hipóteses e de 1,62 até maturidade, o que significa que o fundo está minimamente correlacionado com as variações das taxas de juro. O profissional quantificou que o mercado de high yield tem um coeficiente de correlação de 0,14 com as taxas de juro.
Além disso, em resposta a uma pergunta sobre o impacto de taxas de juro elevadas e sustentadas na qualidade de crédito, Alexis mostrou-se otimista, argumentando que “as empresas adaptaram-se através da redução dos seus níveis de endividamento, o que mitiga o possível impacto negativo de taxas mais elevadas”.
Atualmente, a carteira aloca cerca de 25-26% a obrigações investment grade, atraídos por yields que oscilam entre 3,8% e 4,2%. Trata-se de uma mudança notável em comparação com o período de 2017-2018, quando as yields das obrigações investment grade eram próximas de zero ou negativas. O gestor indicou que esta mudança faz com que o produto seja muito atrativo nas atuais condições do mercado. Historicamente, o fundo tinha até 44% em obrigações investment grade em setembro de 2011, mas o profissional sugeriu que é pouco provável que supere os 30% no futuro.
Quanto à alocação setorial do fundo, destaca uma exposição significativa ao setor das telecomunicações e uma menor exposição aos bancos. A decisão de sobreponderar as telecomunicações é estratégica, impulsionada por investimentos em empresas como a Iliad (operadora de comunicações móveis em França), PPF Telecom (República Checa), Matterhorn (Suóça) e Lorca Telecom (operadora em Espanha que se fundiu com a Orange). Estas escolhas refletem a estratégia do fundo de investir em setores e empresas com cash flows estáveis e boa qualidade creditícia.
High yield não implica maior volatilidade
Existe um conceito erróneo sobre o crédito high yield, a crença de que o ativo é muito mais volátil do que outras classes de ativos. No entanto, Renault apresenta um gráfico que diz mais do que mil palavras, e no qual se observa que, tanto a curto como médio e longo prazo, as estratégias de curta duração e de high yield têm menos volatilidade do que o crédito soberano ou corporativo europeu, e até do que as ações.
Táticas na gestão do fundo
O principal impulsionador da rentabilidade do fundo é o spread de crédito, influenciado pela evolução prevista da qualidade creditícia. O gestor observou melhorias na qualidade creditícia das empresas, com um número de empresas em ascensão cada vez maior que passaram para o investment grade e uma diminuição geral da alavancagem entre as empresas de high yield. Esta melhoria reforça a credibilidade e a estabilidade do mercado de obrigações corporativas.
O especialista sublinhou a estratégia do fundo de manter as obrigações até ao seu vencimento, o que reflete uma abordagem conservadora da negociação de obrigações. Este método garante a estabilidade da carteira ao evitar a negociação frequente e aproveitar todo o potencial de retorno das obrigações. O fundo reinveste regularmente o produto das obrigações que vencem, tanto na mesma empresa emitente se esta oferecer obrigações com vencimentos mais longos como em novos emitentes que apresentem oportunidades atrativas.
Em suma, a gestão do fundo ODDO BHF Euro Credit Short Duration é caraterizada por uma estratégia de investimento prudente e uma abordagem cautelosa centrada em manter as obrigações até ao seu vencimento, um investimento setorial seletivo baseado nas oportunidades de rentabilidade. Esta estratégia tem como objetivo proporcionar estabilidade e yields atrativas aos investidores do fundo.