Estudo académico: qual é a relação causal entre os três pilares do ESG e a rentabilidade das ações das empresas

sustentabilidade
Créditos: Noah Buscher (Unsplash)

A sustentabilidade tem sido a grande tendência de investimento das últimas décadas. Vários estudos demonstram a correlação positiva entre os títulos com classificações ESG acima da média e o preço das suas ações. E, embora haja uma série de componentes exógenas, não específicas das empresas, que também desempenham um papel, o impacto direto de fatores sustentáveis na avaliação financeira fornece dados interessantes. A J. Safra Sarasin Sustainable AM, em colaboração com a Universidade de Zurique, estudou este tema mais aprofundadamente.

Especificamente, a gestora e o centro universitário trabalharam em conjunto para examinar esta questão em pormenor no estudo What is Material? Determining Materiality of Sustainability Issues for Measures of Corporate Financial Performance (publicado por D. Leuchtner/F. Esterer, fevereiro de 2022). O estudo analisa se os fatores ESG influenciam a avaliação de uma empresa, como e que fatores o fazem, e como podem ser extraídos de uma forma mensurável.

Objetivo do estudo

A correlação entre as empresas com melhores credenciais ESG e o preço das suas ações é medida desde a década de 80. Muitos estudos, como o de Friede, Busch & Bassen em 2015, demonstraram que o vínculo é positivo. Ou, pelo menos, neutro. No entanto, a maioria das investigações conclui que a correlação é meramente indireta, uma vez que os preços das ações são impulsionados por vários fatores exógenos e não específicos da empresa. Contudo, a maioria das análises não examinou o papel direto dos fatores de sustentabilidade na avaliação de uma empresa.

A questão levantada é se é possível justificar empiricamente a relação causal entre os três pilares ESG - ambiental, social e de governance - e a rentabilidade das ações.

Abordagem selecionada: variável financeira ROIC

A análise dos dados compilados no estudo revelou relações significativas entre as variáveis financeiras e os fatores ESG em vários rácios de ações/dívida. 

A pontuação do pilar ESG para o meio ambiente mostrou um efeito materialmente positivo no ROIC (Return on Invested Capital) e um efeito claramente negativo no beta das empresas com melhores indicadores de desempenho ambiental. Como resultado, estas empresas tendem a ser mais rentáveis e a ter um perfil de risco mais baixo. Ambas as relações têm o mesmo efeito direcional quando implementadas num modelo financeiro, levando a uma maior valorização.

Também se comprovou que a pontuação do pilar de governance tem uma influência significativamente positiva no ROIC.

Quanto ao beta, não se observou nenhum efeito notável relacionado com as pontuações dos pilares social e de governance.

Os resultados também não mostraram efeitos diretos de nenhum dos pilares ESG no crescimento das receitas.

Embora não seja substancial, o efeito é significativo

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Fonte: Bank J. Safra Sarasin. D. Leuchtner 2020.