ETF de gestão ativa: o que é e o que oferece às carteiras

Os ETF de gestão ativa são fundos cotados cujas carteiras são geridas de forma ativa com o objetivo de gerar retornos superiores aos dos índices que utilizam como referência. Este tipo de ETF tornou-se muito popular nos últimos anos, visto que muitas gestoras ativas recorreram a eles perante o auge da gestão passiva. Nesta entrada de Glossário explicamos as suas principais caraterísticas e o papel que podem ter nas carteiras.

O que é exatamente um ETF ativo?

Segundo explicam na gestora DWS, os ETF ativos não são mais do que fundos cotados com duas caraterísticas fundamentais. Em primeiro lugar, o que os diferencia de um ETF tradicional é que “contam com uma equipa de gestão de carteiras que tenta gerar retornos superiores aos de um índice de referência, e não tentar apenas seguir um índice o mais próximo possível”, afirmam.

E em segundo lugar, o que os diferencia de um fundo de gestão ativa tradicional é o facto de terem uma estrutura de ETF e não de fundo de investimento, pelo que costumam ter comissões de gestão mais baixas do que as dos fundos de gestão ativa.

Qual é a dimensão deste mercado?

Embora o primeiro ETF tenha sido lançado em 2008 nos EUA, só nos últimos anos é que os ETF ganharam popularidade entre as gamas de produtos das gestoras. No fim, num mundo em que a gestão passiva não tem parado de aumentar, muitas gestoras encontraram nos ETF de gestão ativa a sua via para participarem nessa gestão indexada, mas sem renunciar o seu espírito de gestão ativa.

No fim, num mundo em que a gestão passiva não tem parado de aumentar, muitas gestoras encontraram nos ETF de gestão ativa a sua via para participarem nessa gestão indexada, mas sem renunciar o seu espírito de gestão ativa.

Segundo os dados da J.P. Morgan AM, o número de lançamentos de ETF de gestão ativa superou em 2020, pela primeira vez, o número de lançamentos de ETF de gestão passiva. Uma tendência que se manteve tanto em 2021 como em 2022.

Em património, segundo a Morningstar, no final de 2023, a dimensão do mercado de ETF situava-se em cerca de 11,1 biliões de dólares, dos quais 10,4 biliões se encontravam em estratégias passivas e apenas 700.000 milhões de dólares em ativas. Isto significa que, no mercado de ETF, apenas cerca de 6% dos ativos sob gestão se encontram em ETF ativos.

Quais as previsões para este mercado?

Embora o número possa parecer baixo, a verdade é que essa quota de mercado não tem parado de crescer nos últimos anos. Em 2008 era de apenas 0,35%, e a previsão é que continue a subir, tendo em conta que este tipo de produtos desperta cada vez mais o interesse entre os investidores. De facto, segundo um estudo da TrackInsight, 72% dos atuais compradores de ETF consideram aumentar o seu investimento em ETF ativos nos próximos dois anos.

Além disso, na DWS citam também outras razões que apoiam a ideia de um rápido crescimento deste tipo de produtos. “É provável que se deva a uma combinação de fatores. Em primeiro lugar, o mercado de ETF ativos é relativamente mais pequeno e está menos explorado do que o de ETF passivos, o que facilita o lançamento de produtos inovadores que ainda não existem como ETF”.

E prosseguem: “Em segundo lugar, cabe destacar as mudanças normativas relativamente recentes que facilitaram aos gestores o lançamento de ETF. A SEC aprovou a conhecida como norma ETF, que deu mais flexibilidade à forma de criar e reembolsar ações de ETF. Todas estas mudanças facilitam, potencialmente, a oferta de estruturas de ETF. Por último está a eficiência, transparência e negociabilidade da própria estrutura dos ETF, que, a julgar pelo crescimento deste mercado nos últimos 30 anos aproximadamente, parece agradar os investidores”.

Como devem ser utilizados os ETF ativos?

Pode dizer-se que os ETF ativos oferecem o melhor dos dois mundos: a capacidade de gerar alfa próprio dos fundos ativos, os baixos custos e as elevada transparência e liquidez dos ETF.

Há várias situações, estratégias e vários contextos para a inclusão deste tipo de produtos. Por exemplo, recorre-se-lhes para ganhar diversificação quando se investe em mercados muito eficientes, como o dos EUA. “Devido à concentração que o S&P 500 está a registar e às valorizações, vemos oportunidades para diversificar com estratégias equal weight, pequenas empresas ou estilo value, mas sabendo sempre que nos estamos a separar do índice e a medir esses riscos”, explica Álvaro de la Rosa, selecionador e gestor de fundos na Abante Asesores.

Também se pode recorrer a estas estratégias para aceder a mercados mais ineficientes com custos inferiores aos que os fundos tradicionais oferecem. “O veículo dá-nos a oportunidade de gerar mais alfa e um tracking error a custos razoáveis, sem nos desviarmos excessivamente dos índices. Considero os ETF um bom produto”, revela José Cerón, responsável de Multiativos na Fonditel.

Quem oferece ETF ativos?

Segundo os dados da Morningstar, a J.P. Morgan AM, Pimco e Fidelity International são as três gestoras com mais quota de mercado de ETF ativos na Europa. Contam com 43,9%, 16,3% e 11,5%, respetivamente, do total, segundo os dados do final de 2023.