Na era dos robo-advisors, já está disponível em Portugal uma solução em que a construção de uma carteira de ETFs é possível e fácil... com um fee de gestão de 0,5% ao ano. Em entrevista à Funds People, Luis Rivera explica qual o processo utilizado.
Embora tenham arrancado o projeto há praticamente três anos, só em novembro do ano passado a ETFmatic obteve licença por parte do regulador inglês (Financial Conduct Authority e Prudential Regulation Authority) para operar. E o que é a ETFmatic? Pode seguramente ser apelidada de startup tecnológica, que evoluiu com o contributo de profissionais do mundo financeiro de várias áreas e geografias, mas é também um robo-advisor, que disponibiliza online uma plataforma para clientes que queiram construir a sua própria carteira de ETFs. Falando disso e muito mais, o espanhol Luis Rivera, fundador da entidade, (na foto ao fundo à direita, acompanhado do resto da equipa) em entrevista à Funds People, conta que a ETFmatic trata-se essencialmente de um “discritionary investment manager”, mas com algumas particularidades.
“Cobramos um fee único anual por património gerido (0,5%), e podemos fazer a gestão de uma conta omnibus, ou seja, a tecnologia da entidade permite-nos criar uma carteira única para cada um dos clientes. Através de vários mecanismos decide-se qual a percentagem alocada a cada um dos ETF que replicam os principais índices: tudo é oferecido ao cliente de forma cómoda numa única aplicação”, resume Luis Rivera. Já com atuação no Reino Unido e 16 países europeus – dos quais faz parte Portugal – a ETFmatic conta atualmente com perto de 50 milhões de euros geridos em termos globais. Tanto a plataforma como o algoritmo foram construídos pelos próprios criadores do projeto.
A complexidade dos portefólios varia consoante o cliente. Quando se trata de um cliente mais complexo, o fundador da plataforma explica que fazem uma análise do perfil de risco, tendo em conta vários eixos, analisando o perfil “numa dimensão de análise mais clássica (equity vs bonds, retorno vs volatilidade, etc) ou mesmo com base no otimismo do cliente, de forma a que haja um ajuste consoante os movimentos do mercado”.
Seleção dos provedores de ETFs
Para selecionarem os ETFs disponíveis para os clientes, recorrem a um “processo apoiado por especialistas e académicos, onde se procuram os issuers sólidos dos ETFs que têm liquidez e que replicam os índices mais representativos. Depois são escolhidos os mais baratos dentro do universo de ETFs físicos”.
Para os clientes que queiram uma opção mais tailor made a entidade apresenta uma ‘sub-solução’ que deixa maior espaço ao utilizador para fazer a sua própria seleção dos ETFs. A solução apelidada de portfolio kitchen, “destina-se apenas a investidores profissionais, permitindo-lhes incidir nos ETFs que querem”.
Base de clientes
A grande maioria dos clientes que usam a solução portfolio kitchen estão sedeados no Reino Unido e em Espanha, diz Luis Rivera, acrescentando que em Portugal, por seu turno, “o sistema ETFmatic per si agrega menos 5 milhões de investimento, existindo uma base alargada de investidores”.
O fundador do projeto é perentório: “Construímos uma solução que nunca tínhamos visto como clientes, e da qual sentíamos falta”. Conta que estudou numa escola de negócios em que o tema dos ETFs era muito promovido. “Houve uma aula em que um dos professores nos disse: ‘têm de decorar este acrónimo horrível – ETFs. Com ele vão conseguir pagar o Mestrado, apenas com as comissões que vão conseguir poupar’, lembra. Esse foi o primeiro passo para a construção do projeto.
White label
Num modelo de negócio distinto, a ETFmatic disponibiliza também a sua própria plataforma, com todas as suas funcionalidades, a entidades ou profissionais que queiram configurar as suas próprias carteiras de alocação de ETFs e oferecer, sob a sua própria marca, soluções de investimento. A perspetiva do próprio CEO da empresa é “disponibilizar a sua inteligência de investimento”, pelo que procuram “sócios que tenham capacidades na gestão de portefólios e reconhecimento de marca”.