Europa pede mais presença nas carteiras dos investidores na segunda metade do ano

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Créditos: Cosmin Serban (Unsplash)

O diferente ritmo de vacinação levado a cabo em distintas regiões do mundo é uma das principais causas que estão por detrás do ritmo de crescimento económico que estão a protagonizar os diferentes países e regiões. Ao fim e ao cabo, quanto maior for a população inoculada com as vacinas contra a COVID-19, maior a reabertura da economia e mais rápido o regresso à normalidade que tanto se anseia.

Até à data, e segundo os dados de Our World in Data, Israel, EUA e Reino Unido são por esta ordem os países que contam com uma maior parte da sua população vacina com as duas doses (58%, 31% e 22%). Números muito longe dos 10% que se vê em muitos países da zona euro, como é o caso de Portugal que conta com 10,7% da população totalmente vacinada.

Não é de estranhar, portanto, que essa alta taxa de população vacinada coincida com uma melhor recuperação dos principais dados macroeconómicos. Vê-se de uma forma muito clara no gráfico seguinte publicado pelo BlackRock Investment Institute, já que são os EUA e a Ásia as regiões onde mais se registam pontos verdes.

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Não obstante, nas últimas semanas, surgiram alguns comentários que defendem a Europa, que um pouco para trás na recuperação económica dos primeiros quatro meses do ano, pode ser a surpresa a partir de agora. Com o consequente reflexo nos seus mercados de valores. Tendo em conta que como aponta Aneeka Gupta, diretora de Research na WisdomTree, “a rentabilidade das ações europeias foi muito inferior a outras regiões à volta do mundo, com uma diferença de 15% face à americana, 6,4% face ao MSCI World Value e 21% face à japonesa, tudo isto deixa uma margem para um rally”.

Beneficiará da recuperação mundial

Esta especialista alega três principais razões que podem provocar o regresso da Europa à competição económica. A primeira é que devido ao seu carácter exportador, é uma das regiões que mais beneficia da recuperação económica global. A segunda é o fundo de recuperação da UE e a terceira é que a composição dos seus índices faz com que possam beneficiar mais da subida dos valores cíclicos, como se pode ver no gráfico.

Fonte: WisdomTree

Na mesma linha pronunciam-se Pascal Blanqué, CIO, e Vincent Mortier, deputy CIO, da Amundi, na sua última carta a investidores. “Com a China em modo controlo e os EUA já muito avançados quanto às expetativas de mercado, a seguinte zona que poderá desfrutar de extensões do sentimento bullish é a Europa”, asseguram. E isso acontecerá apesar de reconhecerem que, ao contrário de outras regiões, a Europa vai demorar anos a voltar aos níveis do PIB anteriores à crise. A este respeito as últimas precisões do FMI apontam para um crescimento de 4,4% para a zona euro em 2021 e de 3,8% em 2022. Números melhores do que há três meses, mas longe do crescimento pré-pandémico.

Além disso, essas previsões vão continuar a melhorar se se forem cumprindo os planos de vacinação da zona euro face à campanha de vacinação: ter 70% da população adulta vacinada este verão. “Os dados europeus foram melhor do que o antecipado e deveremos ver na segunda metade do ano uma forte recuperação, impulsionada pela procura reprimida e pelos desembolsos procedentes do Fundo Europeu de Recuperação”, afirma Esty Dwek, estratega global macro da Natixis IM. Por isso, confia no potencial que apresentam as regiões que ficaram mais para trás na reabertura das suas economias, como a Europa ou o Pacífico (sem Japão), e na subida dos valores mais cíclicos. “O mercado europeu deverá beneficiar do viés do valor com que estão a constituir os seus índices acionistas”, conclui.