Num mês de subidas, mas com a incerteza que causa o aumento de casos de COVID-19 na Europa, analisamos as variações na alocação dos fundos perfilados mais defensivos.
Agosto, por excelência o ponto alto da silly season, foi um mês de subidas nos mercados de ações a nível global – com índices a atingirem máximos históricos - e de recuperação gradual de algumas economias. Contudo, o fator coronavírus continuou a causar alguma turbulência à medida que a pandemia voltava a ganhar força na Europa. Tendo como base a habitual distribuição dos fundos perfilados nacionais pelos três perfis de risco e com dados da Morningstar de agosto analisámos de que forma os gestores destes produtos adaptaram a alocação a este período de incerteza.
“O mês de agosto proporcionou mais um período de evolução positiva para os ativos de risco, o que no caso do mercado acionista se materializou em subidas agressivas para alguns índices, em especial nos EUA e Japão (+7% e +6,6% respetivamente), com o mercado europeu e os Mercados Emergentes a apresentarem subidas menos expressivas (+2,9% e 2,1%)”, resume Paulo Joaquim, da GNB Gestão de Ativos.
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No que concerne a categoria global, a alocação a obrigações continua acima dos 75%, embora tenha vindo a descer gradualmente após ter atingido um pico de 76.17% em junho, o valor mais elevado desde pelo menos janeiro 2018, altura a que remontam os dados disponíveis para esta análise.
A alocação a ações apenas diminuiu 0,1% face a julho, tendo-se fixado nos 13,57%. Um dos produtos que mais reduziu a exposição a esta classe de ativos foi o IMGA Alocação Conservadora, um produto sob a alçada da IM Gestão de Ativos e gerido por Pedro Vieira,CFA.
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Segundo Stefano Amato, a equipa de gestão do Santander Select Defensivo “optou por aumentar a alocação a ações norte-americanas, através da compra de uma participação no ETF iShares S&P 500 EUR Hedged UCITS”. O gestor conta ainda que “o fundo apresenta retornos positivos nos períodos de 3 meses e a 5 anos, apesar da reduzida exposição a ações”.
Este movimento foi também realizado por outros gestores, como no caso dos fundos agora denominados Santander Popular 5 e Santander Popular 25. Esta mudança é o resultado da gestora Popular Gestão de Ativos ter sido absorvida pela Santander Asset Management.
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Ao colocarmos sob o microscópio as subcategorias do segmento de fixed-income podemos perceber que em agosto verificou-se um movimento oposto: um ligeiro aumento da alocação a obrigações corporativas (0,35%) e uma ligeira descida da alocação a obrigações soberanas (0,37%).
O aumento da exposição a obrigações corporativas na alocação da carteira do Bankinter 25 PPR/OICVM, da Bankinter Gestión de Activos, foi das maiores variações registadas no mês (2,24%).
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Stefano Amato conta que durante o mês de agosto mantiveram uma elevada exposição a obrigações de governos europeus e explica que “as incertezas continuam a influenciar o mercado e consequentemente a performance Santander Select Defensivo”.
No mês em análise, e como se pode ver no gráfico acima, os valores da alocação às diferentes geografias mantiveram-se praticamente inalterados face a julho. A maior variação registada foi uma diminuição de 0,40% da alocação a obrigações da América do Norte.