Expandir, diversificar e valorizar – o caso do ‘novo’ Invest Ibéria

Invest Gestão de Activos
Cedida

A 14 de dezembro de 2016 a política de investimento do fundo Alves Ribeiro – Médias Empresas Portugal, da responsabilidade da Invest Gestão de Ativos, foi alterada, aumentando o seu universo de investimento com a incorporação do mercado espanhol. O fundo alterou o nome para Invest Ibéria, e é agora um produto que investe em ações portuguesas e espanholas, gerido por Paulo Monteiro e José Pedroso.

A decisão de alteração da política de investimento esteve relacionada com dois principais factores: a pequena dimensão do mercado português face ao mercado espanhol, e o bom momento que o mercado vizinho vive atualmente. “Ao longo dos últimos anos o mercado português foi-se reduzindo e concluímos que já não permitia uma correta diversificação do fundo”, destaca Paulo Monteiro em entrevista à Funds People. Por outro lado, a falta de liquidez do mercado português, aliada à cada vez menor apetência dos clientes pelo mercado nacional e à dificuldade de diversificação sectorial, revelaram ser pontos decisivos para a alteração. O mercado espanhol, por sua vez, é um mercado “cuja dimensão e liquidez são maiores – cerca de 70 empresas possuem um market cap superior a mil milhões – o que torna este mercado mais apelativo para os clientes”, revela o gestor.

Outro dos fatores decisivos foi a relação entre os mercados de Portugal e Espanha. Para o gestor, “Espanha é um mercado cujos laços com o mercado português são bastante grandes e em termos económicos está muito correlacionado com a economia portuguesa”. A proximidade também desempenhou o seu papel, uma vez que oferece a possibilidade de acompanhar as empresas mais de perto, melhorando o conhecimento atual da equipa de gestão relativamente não só ao próprio mercado espanhol, mas também das suas empresas.

Por outro lado, do ponto de vista do crescimento económico, Espanha revela um bom desempenho: “a economia espanhola está a crescer acima da média da zona-euro – no ano passado cresceu cerca de 3%, e este ano espera-se que cresça de igual forma – o que revela um bom desempenho”, afirma Paulo Monteiro. No que diz respeito aos mercados acionistas, “estão mais interessantes na Europa do que nos Estados Unidos e, dentro dos mercados europeus, sempre nos pareceu que os periféricos, nomeadamente a Espanha, eram dos mais interessantes em termos de avaliações”, adiantou o gestor.

Procurar conhecer ao pormenor

O processo de investimento começa, numa primeira fase, através “do clássico top-down, executando-se uma análise macro. A construção do portefólio, por sua vez, é bottom-up”, revela Paulo Monteiro. O processo de análise é caracterizado por ser bastante rigoroso, e a este nível José Pedroso desempenha um papel fundamental. Esse processo engloba “modelos próprios e avaliações próprias para grande parte das empresas em que investimos. Procuramos conhecer as contas, os resultados trimestrais – a ideia é conhecer tudo ao pormenor”, afirma o gestor.

Por outro lado, o fundo caracteriza-se por não ter um estilo pré-definido, nem tampouco um benchmark. “É um fundo muito oportunistístico, muito concentrado. Não é só value ou só growth, procuramos acima de tudo fazer uma análise fundamental, para investir com convicção”, afirma o gestor. O fundo tem cerca de 28 títulos em carteira, não existindo uma exposição máxima a cada país. Contudo, atualmente, a equipa realça uma exposição que ronda os 50% ao mercado espanhol, e 40% ao mercado português, com o restante alocado a liquidez. No que diz respeito à gestão do portefólio, a equipa carateriza-a de disciplinada: “temos sempre presente um price target e quando a cotação chega ao valor que achamos justo, regra geral, de uma forma saudável, reduzimos a posição”.

Quanto à utilização de derivados, Paulo Monteiro revela que esta é uma utilização ativa. Conhecedores do mercado de derivados, usam-nos com o objetivo de aumentar a exposição ou para cobertura de risco.“Utilizamos derivados ou para aumentar a exposição do fundo ou para reduzir e comprar alguma proteção”, afirma o gestor.

Como se tem portado o fundo depois da alteração?

A alteração da política de investimento trouxe, segundo Paulo Monteiro, novas oportunidades de investimento à estratégia. Até à data da alteração da política de investimento, o fundo que investia essencialmente em small caps e mid caps portuguesas, registava uma outperformance face ao PSI20  de 50 pontos percentuais, segundo dados da entidade.

Após essa alteração, o fundo continua a registar uma performance bastante positiva, crescendo cerca de 18,6% desde o início o ano, “o que é melhor que a performance do Ibex e do PSI20”, conclui o gestor.