A Haitong Global Asset Management chegou ao mercado e promete uma grande abrangência de atividades. Em entrevista, Fernando Castro Solla fala de como serão um veículo europeu que bebe do ADN asiático do seu acionista.
A reentré marcou uma mudança significativa na forma como o Haitong Bank encara o negócio de gestão de ativos. Os quase 20 anos de track record a gerir ativos aconteceram sempre “dentro da licença do banco no âmbito da atividade de gestão de carteiras”, como lembra agora Fernando Castro Solla, responsável da direção da gestão de ativos.
A novidade parece então fácil de adivinhar: a entidade assumiu um novo compromisso com a gestão de ativos e passou a ter uma sociedade totalmente dedicada à gestão de organismos de investimento coletivo. Nasceu, portanto, a Haitong Global Asset Management, comandada pelo experiente Fernando Castro Solla. “Com esta iniciativa, o Haitong Bank dá expressão à forte ambição do Grupo Haitong Securities na área de gestão de ativos a nível global, assumindo-se como o veículo europeu dessa ambição”, começa por detalhar o profissional à FundsPeople.
Abrangência de atividades
A nova gestora assume então uma grande abrangência de atividades. Como explica o responsável, sob uma só marca, numa sociedade autónoma, junta-se a atividade que já desenvolviam (a gestão de mandatos), “com a gestão de fundos de valores mobiliários e a gestão de fundos de private equity”. Fundamentalmente, a licença agora obtida “acrescenta a gestão de organismos de investimento alternativo em valores mobiliários” às licenças que já tinham anteriormente, como a gestão de organismo de investimento em capital de risco”.
As equipas de gestão de ativos e private equity já existentes no banco são as que darão corpo ao arranque do projeto. Fernando Castro Solla explica que se pretende aproveitar “a grande experiência que ambas as equipas acumulam”, sendo “a maioria das áreas de apoio garantida pelo Haitong Bank através de um acordo de nível de serviço”.
Ao nível da tipologia de cliente, e dado o enfoque de negócio explicado anteriormente, a entidade concentrar-se-á numa primeira fase em “clientes profissionais e/ou institucionais”, embora não em exclusivo. O responsável atesta que, contudo, “a atividade de gestão de portefólios continuará, com impulso renovado, disponível e focada em clientes de todas as tipologias”. A abordagem, por outro lado, será global. “Procuraremos tirar partido da presença internacional do Haitong Bank e assim também do Grupo Haitong Securities como um todo”, enfatiza.
Lançamento de estratégias Ásia
Genericamente, a estratégia da entidade refletirá o que já faziam nalguns fundos e carteiras geridos pelo departamento de gestão de ativos. “A ideia é tornar acessível o investimento num mercado financeiro que está hoje já entre os três maiores do mundo a par dos Estados Unidos e da Zona Euro, e fazê-lo num contexto regulatório europeu”, coloca Fernando Castro Solla. Deste modo, o profissional antecipa “a criação e desenvolvimento de estratégias focadas em ativos asiáticos”, no futuro.
Do mesmo modo, o profissional prevê que capitalizarão no “profundo” conhecimento sobre a realidade chinesa aportado pelo acionista da entidade. Este conhecimento, diz, “pode ser também utilizado na criação de alpha em ativos europeus”. “Temos nesse espaço algumas ideias em desenvolvimento”, adianta Fernando Castro Solla. A curto prazo, por outro lado, a entidade prevê ainda o lançamento de “uma estratégia no âmbito dos fundos de investimento alternativos”.
No âmbito dos fundos da marca Haitong domiciliados no Luxemburgo tudo se manterá como está, pelo menos para já. A licença que a entidade agora possui não permite que a gestora passe a gerir esses produtos, pois “são UCITS e a licença nesta fase não cobre a gestão de fundos harmonizados”, conclui Fernando Castro Solla.