A Floresta Atlântica, que gere actualmente o primeiro fundo com o mesmo nome, pretende avançar no próximo ano com um projecto ibérico, de forma a conseguir chegar a activos e investidores que actualmente não consegue.
“Será um fundo ou uma sociedade veículo ibérico, faz algum sentido. O primeiro fundo só não o foi porque foi desenhado com apoio público para áreas de Portugal Continental”, adiantou Luís Unas, director-geral da sociedade gestora, em entrevista à Funds People Portugal. Mas outros que surjam, sublinhou, “faz sentido que sejam de âmbito ibérico e, mesmo para captar algum tipo de investidores internacionais terá que ser até mais de dois países”.
Quanto a activos para novos fundos, a sociedade gestora irá procurar não só áreas próximas dos actuais núcleos de investimento do Primeiro Fundo Floresta Atlântica como novos núcleos. “Num novo fundo, totalmente privado, não teremos as restrições actuais na estratégia de investimento. Já poderemos ter mais alguma área com ciclos de exploração mais curtos (eucalipto, choupo, salgueiro), mais áreas com montado de sobro e azinho no sul do país, o que este fundo não permite”. Além disso, estudar, também, “a aposta em áreas de floresta intensiva, onde houver condições, e fazer alguns ensaios na parte de plantações energéticas”, embora mantendo uma estrutura global de investimento e de modelo de negócio semelhante, principalmente no que concerne à diversidade de espécies, certificação de Gestão Florestal Sustentável e gestão dos activos de biodiversidade semelhante à do Primeiro Fundo.
Em termos de países “só iremos para onde tivermos bons parceiros para ir”, salientou Luís Unas.
O director-geral afirma que andam “permanentemente à procura de investidores” e que as perspectivas têm sido positivas. “É necessário concretizá-las, vamos ver o que conseguimos realizar em 2013”. Destaca que “grande parte da nossa floresta não tem sido gerida, ou tem sido muito pouco gerida, o que significa que, qualquer fundo que entre a angariar carteiras de áreas e a investir, comprando ou arrendando em áreas substantivas, acaba por trazer uma significativa mais-valia. [....] O valor acrescentado pela gestão é muito grande, assim como o potencial de rendibilidade”.
Luís Unas relembra que o Primeiro Fundo Floresta Atlântica era para ser de subscrição pública, em que qualquer proprietário florestal poderia permutar as suas pequenas propriedades por unidades de participação no fundo e, assim, ganhar escala e diminuir o risco. “Mas a regulamentação fiscal vigente em Portugal desincentiva esse tipo de investimento”, sendo penalizador “quer do ponto de vista das mais-valias, quer do IMT, entre outros”. Considera que “teria de haver uma situação especial para este tipo de investidor”, que coloca as terras em vez de dinheiro, “e o ‘trade off ‘ seria conseguir escala, regularização cadastral, diminuir riscos de incêndio, aumento do emprego rural”, entre outros.
Além do Primeiro Fundo Floresta Atlântica, a sociedade passou a gerir, desde o dia 1 de Novembro, outros dois fundos: o Iberia Capital (fundo imobiliário de oito milhões de euros) e o Iberian Forest Fund (fundo imobiliário florestal de cinco milhões de euros, expansíveis a 15milhões), ambos transitados da gestora Interfundos. O principal participante destes fundos – o Grupo Europac - tornou-se recentemente accionista da Floresta Atlântica e optou por transferir a gestão dos mesmos. “O principal driver da transição do Iberian Forest Fund, por exemplo, foi o ‘know-how’ de gestão florestal que esta sociedade possui - a equipa de gestão tem três engenheiros florestais -, o que lhe permite realizar ‘in house’ a gestão integral do fundo e não só o‘back office’ administrativo”, referiu o director-geral.