Fundação Gulbenkian aposta na diversidade dos seus investimentos e no seu impacto social

Gulbenkian
Cedida

“2019 foi o ano em que a Fundação Calouste Gulbenkian [...] assinou um acordo para a venda da sua participação na Partex com a PTT Exploration and Production, empresa tailandesa de exploração e produção de petróleo. Esta transação marca uma reconfiguração da base de ativos da Fundação, que fica, assim, investida com o objetivo principal de obter um rendimento atrativo a longo prazo, de acordo com uma recomposição que reforçará a diversidade dos seus investimentos e o seu impacto social, em linha com a visão de futuro sustentável que partilha com outras grandes fundações internacionais”. Quem o diz é Isabel Mota, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian na ‘mensagem do presidente’ que introduz o Relatório & Contas da entidade relativo ao ano de 2019. Este, foi um ano “muito positivo para os investimentos da Fundação, sobretudo pelo efeito do excelente retorno da carteira de títulos, mas também pelo bom resultado da venda da Partex, que permitiu uma subida muito expressiva do capital da Fundação no ano que passou e que ficará seguramente ao nível dos melhores resultados da Fundação”, comenta também a presidente daquela que é a maior fundação portuguesa.

Desta forma, o que está patente no documento é que a carteira de investimentos, com um valor de 3.148,9 milhões de euros aumentou cerca de 876,9 milhões de euros o que representa um crescimento de 38.6% face ao ano anterior. Este acréscimo “reflete a valorização do mercado financeiro em 2019 e a aplicação do recebimento obtido pela alienação dos ativos petrolíferos anteriormente detidos através da Partex Holding B.V.”, pode ler-se no relatório. A entidade aponta um retorno positivo da carteira de ativos financeiros no valor de 338,2 milhões de euros, o que contrasta com um retorno negativo de 130,2 milhões de euros registado em 2018 Este valor absoluto  é reflexo de uma rentabilidade de 15,3% ( -5,5% em 2018).

A carteira ao detalhe

Para a fundação, “os investimentos da carteira devem cumprir dois requisitos fundamentais:

(i) o poder de compra dos ativos detidos pela carteira, depois de deduzidas as contribuições para o financiamento da atividade da Fundação, deverá, a médio prazo, manter-se estável (e idealmente crescer), ou seja, o valor real da carteira deverá ser preservado após tomar em consideração a erosão provocada pela inflação dos custos da Fundação;

(ii) as contribuições da carteira para o financiamento da atividade da Fundação deverão manter o seu valor real, isto é, deverão crescer o suficiente para acompanhar, pelo menos, a inflação dos custos da Fundação.

Para tal, a carteira total de investimentos da fundação tem como objetivo um rendimento real total de 3,5%”

Para ir ao encontro destes objetivos, a carteira de investimentos em ativos financeiros (ativos financeiros correntes detidos para negociação) repartia-se, no final do ano como patente na tabela. 

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Assinale-se que em 2016 a fundação referia no Relatório & Contas desse ano que a carteira tinha passado a ser gerida, em termos gerais, de forma passiva.

COVID-19

Muito embora o impacto da expansão da pandemia seja um evento subsequente às contas apresentadas, a entidade deixa uma nota no relatório em que acautela que “dependendo da profundidade e duração dos impactos desta pandemia, a atividade e rendibilidade da fundação, incluindo a valorização da nossa carteira de ativos, composta por ações, obrigações e fundos de investimento [...] será afetada em maior ou menor dimensão. Contudo, e com base na informação disponível a esta data, nomeadamente sobre a nossa situação patrimonial e de liquidez, e ao valor dos nossos ativos, entendemos que o pressuposto da continuidade das operações subjacente à elaboração das demonstrações financeiras se mantém apropriado".

Fiel à sua missão, a Fundação Gulbenkian "anunciou imediatamente um fundo de emergência para mitigar os efeitos da crise pandémica, nas áreas da saúde, da ciência, da educação, do apoio à sociedade civil e da cultura".