A dívida emergente em moeda local foi o tema escolhido pela entidade para uma das primeiras abordagens “públicas” ao mercado português, na qual apresentaram guidelines sobre dois flagships da gestora.
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Naquela que foi a primeira apresentação da GAM em Portugal – depois da integração de Carolina Vieira na equipa ibérica de vendas, formada por Juan Ramon Caridad e Carlos Costales – a entidade trouxe a Lisboa uma apresentação sobre um dos poucos ativos do mundo de obrigações que ainda oferece uma yield atrativa – a dívida emergente, nomeadamente em moeda local.
Carolina Vieira e Carlos Costales abriram as hostes, com este último a apresentar a entidade aos convidados. “Não sendo a GAM uma das maiores casas de investimento a nível global, é a terceira maior gestora de absolute return (veículos UCITS) com maior quantidade de fundos (26) e mais de 13 mil milhões de dólares em ativos sob gestão, nesta categoria. A entidade, segundo disseram ambos, pauta-se por ser bastante ativa e incluir atualmente tanto a gama de fundos ‘GAM’ como os ‘Julius Baer Funds’”. Quanto à classe de ativos, ainda algo controversa, que era mote para este pequeno-almoço, Carlos Costales reforçou ainda o facto da GAM, especialmente na sua herança Julius Baer, ter um longo track record em dívida emergente. Na verdade, o JB Local Emerging Bond Fund foi o primeiro fundo a ser lançado nesta classe de ativos, no ano 2000, na sua versão UCITS.
Caroline Gorman foi a protagonista que trouxe aos presentes uma apresentação sob o título “dispersão criando oportunidades de investimento”. Desde logo, salientou o nome de Paul McNamara, responsável pela equipa de investimento à qual pertence à cerca de dez anos, e de onde emergem duas abordagens ao mercado de dívida emergente em moeda local – uma através do JB Local Emerging Bond Fund e outra mais defensiva através do GAM Star Emerging Market Rates, um produto que acima de tudo dispõe de mais ferramentas do que o anterior para fazer cobertura de risco divisa, taxa de juro, entre outros.
Outlook sobre as principais economias
No processo de investimento de ambos os fundos, a equipa de investimento começa por olhar para as três grandes economias - EUA, Europa e China - a partir das quais extrai diferentes inputs para os vários mercados emergentes.
Olhando para os EUA, Caroline Gorman disse, em primeiro lugar, que "consideram que a economia do país não se pode apelidar de uma história de recessão”, acrescentando que a expectativa da casa é que “a procura interna avance cerca de 2,5%”. “Na Zona Euro, a gestora entende que a recuperação está a ser muito resiliente pese embora todos os desafios”, com “o crescimento do crédito a manter-se muito baixo, apesar do ritmo do seu crescimento ser positivo e a procura começar a ganhar tração”.
Do lado da China, enfatizou que “o ’credit impulse’ (segunda derivada do crédito – a forma como varia a taxa de crescimento do crédito) está ligeiramente negativo” e, por esse motivo, continuam a antecipar “um abrandamento no crescimento do país”. Contudo fez a ressalva de que embora o crescimento da China esteja de facto em ritmo descendente, da casa não creem “que se tenha perdido o controlo”.
Num cômpito geral no que toca aos mercados emergentes, a investment manager lembrou que o “credit impulse tem sido negativo”, o que “tem conduzido a um fraco crescimento da procura”. Provável, na ótica da profissional, é “que os fluxos de capital cheguem a uma fase de estabilização, o que ajudará as reservas de divisas em mercados emergentes e as próprias moedas desses países”.
O Brasil foi um dos motes para falar do fundo JB Local Emerging Bond Fund. Este que é um “fundo long only que investe maioritariamente em obrigações soberanas, denominadas em moeda local, e que no mês de março teve, por parte deste país, uma contribuição muito favorável em termos de performance”. No entanto, a sobreponderação a Brasil está em “constante monitorização porque embora considerem o risco de default pouco provável, o cupão muito atrativo, a situação interna é muito instável e a deterioração fiscal evidente”. Razão pela qual a equipa de gestão já tenha inclusivé “começado a realizar mais-valias e a diminuir exposição ao ‘gigante sul-americano’”.
Temas de investimento em destaque
No conjunto de temas de investimento aos quais estão a prestar mais atenção no momento, Gorman apontou que no fundo long only preferem papel de países com balanços de conta corrente que apresentem claros sinais de melhoria, como é o caso da Indonésia. Convém ter em conta que todos os investimentos feitos neste fundo são essencialmente através de obrigações de governos. Além da exposição a Brasil mencionada, “o fundo está ‘overweight’ de países produtos de manufacturas e exportadores de serviços e, naturalmente, ‘underweight’ de produtores de commodities e dívida emergente com uma yield demasiado baixa para o risco que representa”.
Quanto à abordagem menos volátil e mais defensiva a dívida de mercados emergentes que se traduz no GAM Star Emerging Markets Rates, a gestora referiu que “é mais flexível do que o long only, tendo à sua disposição um conjunto de ferramentas alargadas para efeitos de cobertura”. Neste fundo, “estamos longos em México e Rússia tanto através de obrigações como divisas, em florin hungaros e pesos chilenos. Por outro lado, nas posições curtas, temos o won coreano, a rupia indiana, o rand sul africano apesar da maior exposição deste lado ser à divisa peruana”. A gestora ressalva, ainda, que “não existem posições curtas em obrigações”. O fundo “está curto de euros para estar indiretamente longo de dólares, já que a apreciação desta divisa será um dos principais riscos com os quais se deparam hoje as economias emergentes”.