O novo CEO chegou com um tom de continuidade, razoável e muito consciente de que os acionistas e a rentabilidade da empresa são as suas prioridades.
Será que uma gestora pode recuperar de uma crise de confiança? É o desafio que a GAM enfrenta depois de anunciar no verão, o encerramento total da sua gama absolute return bond (ARBF) e a incerteza que isso gerou relativamente ao controlo de riscos da empresa. Com um novo CEO no comando, um homem da casa e com vasta experiência na direção de gestoras, a GAM olha agora para uma nova etapa. E terá de arregaçar as mangas.
As primeiras horas do novo diretor executivo – temporário, segundo o comunicado oficial – são uma declaração de intenções. O tom de David Jacob foi razoável e consciente dos desafios que enfrenta. No meio das dúvidas do mercado, Jacob fala de proteger as suas equipas gestoras, de dar estabilidade aos fundos e potenciar o talento do qual já dispõem.
Entre as suas prioridades máximas está a profitability (rentabilidade) do grupo. E o curso das suas ações este ano reflete a crise de reputação. Perdeu quase metade do seu valor em bolsa nos últimos três meses, dando a sensação de que a empresa está à beira do abismo. Mas, de momento, os números não apoiam esse cenário tão trágico. A empresa ainda dispõe de liquidez e, segundo revelaram os dados de fluxos do último trimestre, a saída de dinheiro dos fundos não-ARBF foi mínima em comparação com o recuo que a indústria descontava.
A atitude de Jacob também não é a de alguém que se prepara para vender a sua empresa. Embora nada seja de descartar neste contexto de consolidação da indústria, a gestora está a realizar esforços para progredir. Ações como integrar os seus sistemas de trading, racionalizar custos, ou incorporar pessoas senior para a equipa de risk management são ideias que irão brilhar em 18-24 meses. Como comentam do setor, “normalmente não se arranjam os canos se se for vender a casa”.