Criptomoedas: origem e funcionamento

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2021 começou com a bitcoin em máximos e com o ressurgimento do debate sobre o seu potencial como investimento alternativo. Aprofundemos assim este mundo e vamos mais além do bitcoin. Entre o leque de criptodivisas encontram-se por exemplo Ethereum ou tokens Ether; a Litecoin, a PPCoin ou a a Namecoin, entre outras. Estas moedas virtuais que utilizam a criptografia como meio de segurança nasceram no calor da bitcoin, a primeira de todas.

Todas estas criptomoedas têm pelo menos uma caraterística em comum. De fato, todas se baseiam num controlo descentralizado. Isto contrasta diretamente com os sistemas bancários centralizados das principais moedas tradicionais. As chamadas finanças descentralizadas explica-nos Javier Castro-Acuña, diretor da Bitnovo, “é um mundo financeiro paralelo, baseado em protocolos de código aberto, onde não são necessários intermediários financeiros para a custódia dos ativos em que qualquer um pode ter acesso a todo o tipo de aplicações financeiras como mercados de crédito, corretoras, produtos derivados ou sintéticos, gestão de ativos, mercados preditivos e um grande etc.”.

Quais as criptomoedas mais conhecidas

A mais conhecida até este momento e a que está a atrair o apetite do investidor obviamente depois da bitcoin é a Ethereum. Esta criptodivisa destaca-se pela sua capacidade de programação. Trata-se portanto de uma rede sobre a qual se podem construir aplicações e é a porta de entrada principal para as finanças descentralizadas.

Castro-Acuña também menciona as USDT, USDC ou DAI, que permitem estar no mundo cripto mas sem volatilidade. Costumam considerar-se as mais estáveis já que a maioria delas estão referenciadas ao dólar. Outras moedas como a monero (XMR), Dash (DASH) ou Zcash (ZEC) têm entre as suas caraterísticas principais a proteção da privacidade dos utilizadores e transações.

Futuro das criptomoedas

Como temos vindo a comentar, o mundo das criptomoedas vai mais além da bitcoin. É importante ter em mente o conceito que explicávamos antes das finanças descentralizadas. Segundo Salvador Casquero, presidente da 2gether,os modelos económicos decentralizados vão gerar uma verdadeira mutação da economia e vão continuar a evoluir a grande velocidade em todos os setores”. É uma das razões pelas quais Casquero observa que estes ativos digitais se consolidarão a longo prazo como os vencedores.

No entanto, estas caraterísticas de natureza independente e anónima, que tão atrativas são para alguns investidores, também as converte num veículo ideal para atividades ilegais e pouco éticas.

Se falamos de regulação Javier Castro-Acuña defende ter uma regulação clara e específica também para tudo o referente a criptoativos. Explica que atualmente a regulação se baseia em leis genéricas ou diretivas proveniente das União Europeia que cada país vai transpondo. Está a avançar-se mas de forma muito lenta e não creio que se veja uma versão definitiva do Regulamento da União Europeia sobre o Mercado de Criptoativos (MiCA) a curto prazo.

Por outro lado, Aljandro Zala, country manager da Bitpanda em Espanha, vê um futuro em que as criptomoedas como as Bitcoins ou a Ethereum se converterão em sistemas monetários modernos e seguros. Pontos centrais da nossa vida quotidiana. E no entanto não vê conflito direto com as moedas tradicionais. “Podemos pensar em Bitcoin e nas alcoins como ativos digitais com muitas funções que terão um efeito positivo duradouro nas nossas vidas. A evolução da regulação, o euro digital, a digitalização da economia, e o fim do dinheiro físico como pagamento habitual são alguns exemplos da forma como as criptomoedas podem afetar a cultura geral das finanças”.

Baleias no mundo das criptomoedas

Salvador Casquero define-o perfeitamente. Denominam-se de baleias aquelas operadoras de mercado ou instituições que têm enormes fortunas em criptomoedas com capacidade de mover os preços de mercado.

Conhece-se a sua identidade? Não de forma oficial. Assim há muita especulação. Casquero menciona que entre as mais conhecidas estão a Barry Silbert – CEO of Digital Currency group com mais de 500 milhões em cryptomoedas segundo a Forbes, ou Tim Draper – CEO da Draper Associates.

Segundo Zala, 2020 será recordado como o ano em que os grandes investidores institucionais entraram no mundo das criptomoedas. Sem ir muito longe, em janeiro conhecemos a notícia que a BlackRock permitirá dois dos seus fundos investirem em bitcoins através de futuros. Esta decisão produz-se justamente num momento em que a procura da bitcoin disparou. De facto, segundo o questionário da Bofa Securities de janeiro, estar longos em bitcoin é a aposta mais sobrecomprada para os gestores de fundos.

Pode saber-se qual o dinheiro investido em criptomoedas?

Nenhum especialista daqueles com quem falámos se aventuram a dar um número exato. Estes números mudam constantemente, especialmente com o aumento de investidores institucionais que têm começado a investir em criptos.

Riscos de investir em criptomoedas

Sim, os criptoativos podem ser elementos que dinamizem e modernizem o sistema financeiro nos próximos anos, mas na atualidade há riscos a ter em conta. Trata-se de um produto de investimento complexo, com elevado risco e que pode ver-se carente da liquidez necessária para poder desfazer um investimento sem sofrer perdas significativas.

Para além disso, a sua volatilidade também é um risco a ter em consideração. Outro aspecto importante é que ao carecer de um sistema de armazenamento off-line, o saldo de uma carteira on-line pode desaparecer por completo.  O roubo, a fraude ou a perda também devem ser avaliados na hora de investir já que a sua custódia não está regulada ou supervisionada.

Neste sentido, Chris Iggo, CIO Core Investments da gestora de fundos AXA IM, não acredita que a bitcoin neste caso seja uma moeda, porque não tem nenhum apoio fundamental legal ou soberano. Na sua opinião “é um instrumento especulativo que em última instância carece de toda a segurança jurídica, que não pode ser realmente avaliado e, por certo, cuja produção é necessariamente intensiva em carbono”: