Drawdown: o que é e porque deve ser usado em contexto

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Créditos: Kurt Cotoaga (Unsplash)

Em tempos de grande volatilidade e mercados em baixa, o termo drawdown aparece em todas as crónicas financeiras. Tecnicamente, o drawdown mede o declínio ou queda na curva de retorno acumulado desde o máximo alcançado anteriormente até ao mínimo mais profundo durante um determinado período de tempo. Quanto tempo dura um drawdown? Seria o período de tempo necessário até que o pico anterior fosse ultrapassado.

A sua utilização na indústria de gestão de ativos tornou-se mais generalizada nos últimos tempos, especialmente face à volatilidade que temos vivido nos mercados. Mas será que o estamos a usar bem?

Marcos Pérez e Sharash Alexander, consultores da Affinium, defendem que qualquer drawdown não tem sentido se não for expresso juntamente com outras medidas que o coloquem no contexto. Ou seja, "conhecer o drawdown de um investimento ou estratégia é irrelevante se não se conhecer também o retorno acumulado antes da ocorrência do drawdown (denominado em inglês como run-up), bem como a duração da recuperação do drawdown". Salientam também que é importante ter uma ideia aproximada do horizonte de investimento, a fim de colocar a estratégia em perspetiva.

O que deve ser tido em conta para analisar bem o drawdown?

Antes de mais, ter em mente que um drawdown não equivale necessariamente a uma perda nominal, uma vez que dependerá de quanto o investidor acumulou no run-up prévio. Além disso, é importante considerar quanto tempo o investidor permanece investido após o drawdown, a fim de capitalizar o próximo período de retorno acumulado.

De onde vem a atual obsessão com os drawdowns?

Os especialistas da Affinium apontam para as finanças comportamentais. Investir é um campo em que o conhecimento - saber ou estar consciente de algo -, não evita necessariamente o sofrimento. Quem nunca ouviu a sua mãe dizer que o dinheiro custa muito a ganhar? Especialmente, face ao quão facilmente o podemos perder quando decidimos investi-lo.

Portanto, "qualquer queda no nosso nível de riqueza, por mais temporária e passageira que seja, produz angústia, ansiedade ou dor que, como seres humanos, não podemos evitar o sofrimento", explicam os especialistas. As finanças comportamentais desempenham um papel importante. "Embora não possamos ajudar como nos sentimos, podemos controlar como agimos", acrescentam.

Os drawdowns podem ser evitados?

Os drawdowns são inevitáveis em qualquer investimento, mesmo em excelentes e rentáveis estratégias. Por outras palavras, qualquer investimento líquido em mercados abertos irá, pela simples variação ao longo do tempo do seu preço, experimentar drawdowns.

O ponto a ter em mente é claro. Em estratégias rentáveis, o drawdown não equivale necessariamente a perda quando se tem em conta o retorno total no final do horizonte do investimento. Tudo depende de onde começamos a investir e se o nosso horizonte de investimento permite que a estratégia vá convergir ao seu retorno.

Os especialistas dizem que "antes de se comprometerem a investir numa estratégia, é sensato compreender e internalizar suficientemente a estratégia para construir a confiança de que necessitaremos para navegar as emoções dos seus altos e baixos".  Por outras palavras, não cair no erro de vender na queda e comprar na subida, em vez de talvez tirar partido dos drawdowns como oportunidades de compra e agir de forma oposta à forma como as nossas emoções nos empurram.