Margin call: a operação que criou a mais recente tensão no setor financeiro

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Créditos: Road Trip with Raj (Unsplash)

Margin call não é apenas um fantástico filme dirigido por J.C. Chandor. Também é a operação que está por detrás das perdas nas quais podem incorrer bancos como o Credit Suisse e o Nomura após se verem obrigados a desfazer-se de posições no family office Archegos Capital Management, que gere o património de Bill Hwang, ex diretor do hedge fund Tiger Asia.

Em concreto, ambas as entidades, que registaram, após a notícia ser conhecida, perdas superiores a 10% numa só sessão nos seus respetivos mercados, avisaram em comunicados que podem incorrer em fortes perdas (Financial Times fala de entre 2.000 a 4.000 milhões de euros), após terem-se visto obrigadas a desfazer-se a suas posições na Archegos após esta incumprir a sua margin call.

Nesta entrada do Glossário da FundsPeople, vamos explicar em que consiste o mecanismo de margin call e porque é um dos mecanismos que mais preocupam qualquer investidor.

O que é uma margin call?

Segundo Carlos Fernández, professor do IEB, “as margin calls não são medidas de proteção ao participante, mas mecanismos contratuais que garantem a segurança dos brokers quando financiam uma posição alavancada de um cliente”. Em concreto, as margin calls são literalmente uma chamada de margens, o que é o mesmo que uma petição do fornecimento de novas garantias que se solicita quando as garantias existentes não são suficientes para que o broker deseje manter a alavancagem oferecida ao seu cliente.

Quando o broker executa essa chamada, o investidor tem duas opções. A primeira é fornecer mais garantias à conta e a segunda é permitir que o broker encerre essa posição, ou parte dela, materializando perdas.

Porque se produz?

Ainda que sejam vários os motivos que podem levar um broker a lançar uma margin call, segundo explicam no blog da Singular Bank, o mais habitual é que aconteça “uma perda na nossa posição fruto da queda de preços no instrumento no qual estivemos investidos, normalmente ações”. Este seria o caso do que se passou com a Nomura e a Credit Suisse.

Não em vão, essa liquidação forçada de posições acontece depois de na semana passada a Goldman Sachs ter ordenado a venda massiva de ações propriedade da Archegos após detetar um incumprimento de garantias por parte do fundo. Esta venda massiva, à qual também se uniu a Morgan Stantley, foi realizada em bloco, segundo aponta o Wall Street Journal e provocou fortes quedas em muitas empresas tecnológicas chinesas, além de algumas dos EUA. De facto, o diário quantifica em 30.000 milhões de dólares o total da liquidação.