Rebalanceamento: o que é e por que é um ponto-chave para manter o plano de investimento

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O ano não começou com muito boas notícias. Os preços das mercadorias dispararam, a inflação sem perspetivas de mudar a curto prazo e os mercados estavam hesitantes face ao crescimento económico que estava atento ao COVID-19. O que mais nos poderemos deparar em 2022?

Uma revisão das nossas carteiras de investimento, por exemplo. Se não estão no seu melhor, podemos cometer o erro de tomar decisões precipitadas e radicais que não ajudarão a seguir o plano de investimento que se estabeleceu no início do ano.

Tomar decisões precipitadas ou não as tomar quando são observadas mudanças significativas nos mercados não ajuda a cumprir os objetivos estabelecidos no plano de investimento. O ponto-chave: rebalancear.

O que é o rebalanceamento de carteiras?

Como explica Amílcar Barrios, responsável de Investimentos da Wealth Solutions, é "a fórmula para manter os nossos investimentos no intervalo desejado, em termos de alocação de ativos ou dos próprios instrumentos".   

É um processo disciplinado pelo qual, com certos ajustes, a composição das carteiras de investimento é reequilibrada em função dos movimentos dos mercados financeiros ou das alterações dos objetivos dos investidores. O objetivo não é outro senão o de se cingir ao plano de investimento.

Portanto, o especialista assinala que é tão importante determinar o universo de investimento, o benchmark ou a moeda de referência ao estruturar uma carteira como estabelecer uma política de rebalanceamento disciplinada.

Isto pode ser sistematizado ou executado automaticamente. É essencial definir premissas. Ou seja, estabelecer antecipadamente sob que parâmetros ou variáveis os pesos de uma carteira devem ser reajustados. Desta forma, serão evitados os vieses que conduzem a decisões precipitadas.

Caso prático de rebalanceamento

Barrios compara duas carteiras, uma com rebalanceamento disciplinado e outra sem. O período de estudo é de janeiro de 2001 até ao final de outubro de 2021. Com uma distribuição (neutral) de 10% no mercado monetário, 30% em rendimento fixo e 60% em ações.

Os parâmetros para o rebalanceamento são que flutuações de até 5% são permitidas, assumindo os movimentos do mercado. Assim, se o movimento for superior a 5% em relação aos pesos inicialmente estabelecidos, a carteira é reequilibrada, regressando aos pesos iniciais.  Por outro lado, não são aplicadas decisões táticas à carteira e não são tidos em conta nem os custos, nem o efeito de não estar investido devido ao rebalanceamento.

Conclusões

A principal conclusão desta análise diz respeito aos retornos e riscos do investimento. Ambas as carteiras começam o período de estudo em 1.000 euros e terminam com diferenças (ver gráfico).

Nota: foi utilizada a ferramenta Morningstar com dados diários em EUR, incluindo dividendos. O índice selecionado para o mercado monetário é a Eonia 30 dias capitalizada, Bloomberg Global Aggregate EUR Hedge para rendimento fixo e MSCI ACWI NR EUR para ações.

A carteira sem rebalanceamento (linha cinzenta) chega a outubro de 2021 com 2.644 euros. Aquela com rebalanceamento (linha azul), termina com 2.871 euros, ou seja, 227 euros adicionais. Em termos de retorno, isto traduz-se em 164% para o primeiro, em comparação com 187% para o segundo. Em termos anualizados, isto significa 6,75% contra 7,34%, respetivamente.

Barrios salienta que o retorno excedente da carteira reequilibrada é alcançado com apenas 20 ajustes ao longo dos 21 anos.

O especialista explica que "com a implementação do processo de reequilíbrio sistemático, a carteira teve uma maior percentagem em ações. Isto porque, nos primeiros anos, o peso desta classe de ativos na carteira sem reequilíbrio estava a diminuir devido ao efeito do mercado, enquanto que na outra, estava a ajustar-se de volta ao seu peso neutral".

Qual foi o resultado? O bom desempenho dos mercados de ações ao longo do período, a priori, a ser esperado a longo prazo, contribuiu para um maior retorno total.