A 3 Comma Capital, gestora nacional de fundos com exposição a criptomoedas, disponibilizou neste mês de outubro uma nova opção para os investidores nacionais e internacionais, mas principalmente para os que procuram golden visa.
A entidade nacional que lançou o primeiro fundo de investimento alternativo com exposição a criptoativos registado na CMVM e domiciliado em Portugal, o 3CC Global Crypto Fund, lançou no início deste mês um novo fundo com exposição à classe de criptoativos. No entanto, como Nuno Serafim, managing partner da 3 Comma Capital explicou à FundsPeople, este novo fundo, vem com uma ideia e um objetivo diferente do antecessor.
Uma caraterística que Nuno Serafim considera importante a destacar é que sendo um fundo aberto, ao contrário de uma boa parte dos fundos com foco nos golden visa, permite ao investidor entrar ou sair a qualquer altura. “Não queremos impedir o acesso dos clientes aos seus fundos. Se estivesse do outro lado, seria assim que gostava que fosse. Caso um cliente nosso decida, a qualquer momento, fazer o seu golden visa noutro país, ou simplesmente precisar do seu dinheiro, por que razão seja, queremos que tenha essa liberdade”.
A estratégia
O Portugal Global Income Fund é o novo fundo alternativo da 3 Comma Capital, mas, desta vez, o foco não está totalmente nas criptomoedas. Na verdade, o fundo distribui-se entre dívida corporativa de empresas portuguesas (70%), ações americanas (15%) e criptoativos (15%). Uma alocação que se explica pelo propósito de subscrição do fundo, a obtenção do golden visa, pois deste modo o mesmo garante (e vai mais além até) a exposição de 60% a ativos portugueses não imobiliários que torna um fundo elegível para este propósito.
Segundo Nuno Serafim, a alocação a ações americanas será feita, principalmente, a partir de ETF indexados ao índice S&P 500. “Não queremos fazer stock picking”, justifica. Enquanto isso, a alocação a criptoativos será investida tanto mediante ETF de Bitcoin da BlackRock ou da Fidelity, como a partir do fundo de investimento alternativo aberto Global Crypto da própria 3 Comma Capital, para exposição à sua estratégia. Desta forma, o fundo terá exposição a três grandes projetos de criptoativos: Bitcoin, Solana e Ethereum. O profissional da 3 Comma Capital admite ser este último o seu projeto favorito e com maior potencial no espaço dos criptoativos, apesar do fraco desempenho recente.
Quanto à dívida corporativa, Nuno Serafim diz que “o mercado nacional tem boas propostas de valor a nível de investment grade. Apesar das taxas de default em Portugal serem comparáveis ao resto da Europa, as empresas portuguesas pagam historicamente um prémio de risco superior”. A Dolat Capital atuará como advisor nesta componente da carteira.
O gestor acrescentou ainda que, pelo menos numa fase inicial, de forma a alavancar os retornos das obrigações com as potenciais descidas de taxas de juro, pretende esticar ao máximo a duração e a spread duration do fundo, que diz ser limitada a sete anos, face a guidelines internas.
Investir num fundo com criptoativos
Para os investidores mais interessados, mas que mantêm o receio em relação a esta classe de ativos, o gestor relembra que, apesar da volatilidade dos criptoativos ser elevada, num fundo onde a sua percentagem de alocação é reduzida, ao nível do fundo como um todo, esta volatilidade não terá tanto impacto. Diz também que “para o fundo perder 10% num mês”, algo que Nuno Serafim deixa claro que poderá acontecer, “é preciso haver um evento de crédito ou haver um desastre total nas ações, ou criptoativos”. Exemplifica referindo que “para os criptoativos terem um impacto de 10% no fundo, teriam de perder dois terços do seu valor”. “Aliás, num horizonte a cinco anos, o retorno esperado das obrigações a 3% de yield cobrem o valor de uma potencial perda total dos criptoativos, protegendo assim o investidor de perdas financeiras de forma quase integral”, complementa.
Finalmente, Nuno Serafim explica que estão disponíveis duas classes: “Uma para os potenciais investidores que querem golden visa, mais barata (1,50% de comissão anual), com um mínimo de investimento de 100.000 euros. Outra, para os investidores que não se querem expor ao fundo a esta escala, temos uma classe mais cara (2,00% de comissão), com um mínimo de 10.000 euros. O fundo tem também uma performance fee de 20% acima dos 5,0% com high water mark”. É um fundo cuja custódia dos ativos fica a cargo do Bison Bank.