H2O AM explica o porquê do fecho temporário dos seus fundos

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Na semana passada a gestora afiliada da Natixis IM, a H2O AM, anunciava a suspensão temporária de vários dos seus fundos Global Macro. A medida foi tomada perante as dificuldades para vender as suas participações em ativos privados e ilíquidos. Segundo avançou a gestora francesa, este período de suspensão é temporário, e deverá durar quatro semanas, durante as quais a H2O vai gerir ativamente as carteiras e criará side pockets para os sete fundos abaixo mencionados onde poderá depositar esses ativos privados com os quais contam os fundos que apresentam problemas de valorização. Agora, num comunicado oficial, a gestora deu mais detalhes sobre o impacto desses side pockets. Os compartimentos especiais dos fundos Global Macro vão desde os estimados 7-9% no H2O Adagio aos 25-35% do Allegro.

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Este episódio afeta a gestora há mais de um ano. Como explica a própria empresa no comunicado, a H2O investia em ativos privados e não cotados desde 2015, seguindo as restrições da norma UCITS, que permitem até 10% de exposição por fundo. O problema chegou em junho de 2019, quando tentaram vender as suas posições em ativos ligados à empresa de investimentos Tennor, do problemático investidor alemão Lars Windhorst.

Essa venda fracassou, por isso, decidiram reestruturar as transações em forma de compras temporárias dos ativos (contratos de venda e recompra) que se remuneravam a uma taxa atrativa, na opinião da empresa. “O nosso objetivo foi sempre vender estes ativos ao melhor preço e tendo em vista o melhor dos interesses dos nossos participantes”, insistem.

Mas no início de 2020 a forte queda dos mercados devido à crise do COVID-19 afetaram a proporção das transações ligadas aos ativos privados nas suas carteiras. A underperformance das suas estratégias Global Macro, combinado com as operações de recompra high yield antes mencionadas, elevou o peso dos ativos privados nas carteiras.

Assim, no fim de agosto, a exposição dos ativos privados ou não cotados aumentou de entre 2,7 a 4,7% (nos fundos H2O Adagio, H2O Moderato, H2O Vivace, H2O Multibonds, H2O MultiStrategies e H2O Allegro) para 2,8%-9% segundo o risco do fundo. A isto soma-se o facto de as operações de recompra terem crescido, de 1,8%-15% para 3,1-25%.

A gestora chegou a acordos com investidores privados para vender parte desses ativos ilíquidos. No plano inicial metade dessas posições tinham sido fechadas no fim de junho e a metade restante seria em junho de 2021, mas agora reconhecem que a execução deste acordo abrandou, em parte devido a requisitos de compliance e due dilligence. Por isso, no fim de agosto, por petição do regulador francês, decidiram suspender as subscrições e reembolsos dos fundos afetados.