IM Gestão de Ativos: "Para este ano, o grande desafio será a adaptação à DMIF II pelos intermediários financeiros"

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Rmmaxrmbobo, Flickr, Creative Commons

Parece ser unânime: o crescimento económico global deverá manter-se em 2018. Em entrevista à Funds People, a IM Gestão de Ativos destacou que "a economia mundial deverá manter um elevado ritmo de crescimento económico em 2018, acelerando ligeiramente face a 2017 e aumentando a sincronização entre blocos económicos". De facto, acrescenta ainda que "os mercados desenvolvidos devem manter um ritmo de crescimento similar ao do ano transato, enquanto as economias emergentes devem crescer a uma taxa superior". 

No que diz respeito a regiões, "nos Estados Unidos, o crescimento deverá aumentar entre 0.25% e 0.5% beneficiando do aumento do consumo público e do investimento. A taxa de desemprego deverá continuar a sua trajetória descendente, o que associado ao elevado nível de confiança dos consumidores e ao corte nos impostos deverá suportar o consumo privado", detalham. Quanto à atuação da Reserva Federal, na entidade acreditam que esta "deverá manter a sua trajetória de normalização da politica monetária, com a gradual redução do balanço e a subida das taxas de juro. No que concerne à inflação, e embora o headline possa sofrer um aumento mais rápido dada a subida dos preços da energia, deveremos observar uma subida gradual da inflação core em direção ao objetivo da Reserva Federal". 

Quanto à zona euro, a região "deverá manter um ritmo de crescimento superior ao seu potencial, beneficiando de condições financeiras acomodatícias, da queda da taxa de desemprego e de níveis de confiança elevados. O processo de normalização da politica monetária, iniciado com a redução do programa de compras em janeiro, deverá prosseguir devendo ser anunciado o fim do programa em setembro de 2018, sem que as taxas de referência sofram qualquer alteração", afirmam. A inflação é outro dos pontos em análise, sendo que a perspetiva é que esta se deverá manter aquém do objetivo do Banco Central Europeu (BCE). Quanto ao plano político, "incertezas como a formação de um governo estável na Alemanha, os desejos separatistas na Catalunha, as eleições em Itália e o Brexit devem ser monitorizadas e geridas", alertam. 

"O Japão deverá manter um ritmo de crescimento satisfatório beneficiando de um governo legitimado recentemente e de políticas fiscais e monetárias expansionistas", começam por afirmar relativamente à economia nipónica, acrescentando que "o consumo privado deverá continuar suportado por níveis de desemprego em mínimos históricos e níveis de confiança elevados, enquanto o consumo público deverá aumentar". À semelhança do contexto europeu, acreditam que "a inflação deverá continuar a recuperar, mas ficando aquém dos níveis pretendidos pelo Banco do Japão. Esta realidade deverá suportar a manutenção de uma politica monetária expansionista com taxas de juro baixas, uma politica de controlo da yield curve e um programa de compras ambicioso.

Ainda no continente asiático, afirmam que a China "deverá continuar em 2018 a crescer a um ritmo superior a 6%, mas inferior ao registado em 2017. O Partido Comunista Chinês aprovou recentemente em congresso orientações no sentido de combater vários desequilíbrios económico-financeiros, nomeadamente o elevado endividamento, a corrupção e a poluição. A prossecução destes objetivos deverá resultar num crescimento inferior, mas de melhor qualidade". Relativamente à política fiscal, a perspetiva é que esta "permaneça expansionista auxiliando neste ajustamento, enquanto a política monetária deverá manter-se sensível às políticas monetárias do resto do mundo, nomeadamente dos EUA, e aos fluxos de capitais. A sensibilidade da economia à correção dos desequilíbrios terá de ser gerida com particular cuidado por parte do governo e deve ser monitorizado com atenção por parte dos investidores". 

Do ponto de vista global, destacam que "continuamos, assim, num ambiente macro saudável, com crescimento global elevado, sem pressões inflacionistas e com alguns bancos centrais ainda com politicas expansionistas. Este contexto é tendencialmente positivo para os ativos de risco, sendo condicionado pelos níveis elevados de valorização a que estes se encontram e pela materialização de acontecimentos inesperados ou de baixa probabilidade". 

Políticas monetárias continuam no centro das atenções

Relativamente às taxas de juro na Europa, na entidade constatam que estas se encontram em níveis historicamente baixos, devendo subir gradualmente à medida que a política monetária for normalizando. Neste sentido, "a subida das expetativas de inflação e, consequentemente, da expetativa de normalização da política monetária do BCE deverá começar a pressionar as taxas de juro, especialmente, nos prazos mais longos e levar a uma normalização dos prémios de risco. Esta normalização associada a spreads historicamente baixos em investment grade e high yield limita os retornos potenciais das classes obrigacionistas, podendo estes ser negativos em 2018", explicam. 

Nos EUA, por sua vez, "embora a política monetária esteja devidamente sinalizada, encontram-se divergências entre as previsões da Reserva Federal e o que está implícito no mercado, o que poderá conduzir a alguns ajustamentos de mercado se as previsões mais otimistas do banco central se confirmarem. Por outro lado, os prémios de risco também devem gradualmente normalizar e os spreads, em níveis reduzidos, também devem aumentar". Para a entidade, este conjugar de fatores "traduz-se em retornos potenciais condicionados, sendo que nos EUA o carry é superior. Num mercado de retornos baixos ou negativos, a cuidadosa seleção dos emitentes poderá traduzir-se num acréscimo de rentabilidade importante. Não sendo o cenário central, o acelerar da inflação constitui a maior ameaça para o mercado obrigacionista uma vez que obrigaria os Bancos Centrais a normalizar a sua política mais agressivamente do que o esperado". 

Gestão ativa e "stock picking" serão essenciais na gestão de carteiras acionistas

No que concerne aos mercados acionistas, embora estes transacionem a níveis de valorização que não se podem considerar baratos, o bom momento económico, o facto das taxas de juro se encontrarem a níveis historicamente baixos e a expetativa de que os resultados das empresas registem um aumento significativo, faz com que sejam esperados retornos positivos em 2018 para a generalidade das geografias", começam por dizer. Em termos de investimento, "considerando os principais blocos, as geografias mais atraentes são os mercados europeus, onde o ciclo económico ainda está numa fase de aceleração e as valorizações não são onerosas, e o Japão, onde as políticas fiscais e monetárias continuam a suportar a economia ao passo que as valorizações são atrativas sob o ponto de vista histórico". Além destes, destacam o universo de ações norte-americanas, que "estará num patamar menos atrativo, já que o ciclo económico e, por conseguinte, a normalização da política monetária se encontram numa fase mais adiantada. A taxa de desemprego nos EUA, em níveis muito baixos (4.1%), deverá a prazo colocar alguma pressão sobre os salários o que pode afetar negativamente as margens de lucro das empresas que atualmente já se encontram a negociar a múltiplos bastante onerosos. Por outro lado, a repatriação de dinheiro parqueado no estrangeiro a taxas de imposto mais atrativas, previstas na reforma fiscal, poderá levar as empresas a aplicar esse dinheiro no pagamento de dividendos, em share buybacks ou em aquisições, levando o mercado a efetuar novos máximos históricos". No geral, acreditam que uma das outras caraterísticas dos mercados acionistas este ano deverá ser "a menor correlação entre as ações individualmente, levando a que a gestão ativa e o stock picking sejam mais relevantes na gestão de carteiras acionistas". 

Por outro lado, e devido às "remunerações potenciais mais limitadas nos principais segmentos dos mercados obrigacionistas", a entidade adianta que "as estratégias alternativas devem registar um aumento do peso nas carteiras de investimento de forma a melhorar o binómio risco/retorno". 

Do ponto de vista cambial, "devemos continuar a assistir à valorização do euro face ao dólar e ao yen, enquanto a libra deverá registar a volatilidade associada ao processo negocial do Brexit", afirmam na entidade. 

Quanto às matérias primas, perspetivam que "estas devam beneficiar da fraqueza do dólar e do ritmo de crescimento económico a nível mundial". 

No âmbito dos possíveis riscos para este ano, "para além dos riscos já referidos, são ainda de destacar a imprevisibilidade da situação na Coreia do Norte e a possibilidade de aumento da volatilidade que leve algumas estratégias alavancadas a vendas forçadas de ativos de risco. Estes riscos, bem como os anteriormente referidos, devem ser monitorizados e geridos", detalham. 

Por fim, "em termos de recomendações, e sempre tendo em consideração o perfil de risco do investidor, recomendaríamos um dos fundos multiativos da IMGA uma vez que têm uma abordagem dinâmica ao mercado, conjugando diferentes classes de ativos, geografias e estratégias", adiantam na entidade. 

Para este ano, por outro lado, acreditam que o grande desafio "será a adaptação à DMIF II pelos intermediários financeiros em conjugação com a exigências de manutenção de boas performances e dinâmicas de crescimento".