Implicações que a união da Amundi e Lyxor tem para a indústria

puzzle
Créditos: Markus Winkler (Unsplash)

Num contexto de estreitamento de margens no setor da gestão de ativos, de rentabilidades esperadas inferiores às vistas no passado e de guerra de comissões para captar a maior base de clientes, a concentração de gestoras e a criação de economias de escala tornou-se numa das opções favoritas das empresas de investimento para se manterem à tona.

A compra da Lyxor por parte da Amundi é só outro exemplo de um ano como 2021 que esteve repleto de anúncios de operações corporativas. Mas, além das sinergias que conseguem ambas as gestoras com esta integração, esta aquisição tem grandes implicações para o resto da indústria da gestão de ativos. Ao fim e ao cabo, é preciso de ter em conta que ambas as empresas, sobretudo no segmento de ETF, estão nos primeiros lugares do ranking por património.

A segunda maior gestora europeia de ETF

Por concretizar, segundo os dados da Morningstar ao fecho de novembro, se olharmos só para o negócio de ETF europeus, a Lyxor conta com 7,14% de quota de mercado, sendo a terceira gestora com maior património, enquanto a quota da Amundi é de 6,33% e ocupa, portanto, a quinta posição do ranking. A soma de ambas implicará um património conjunto em ETF europeus no valor de 182.000 milhões de euros, tornando-se esta nova gestora na segunda maior do mercado ao superar a Xtrackers (DWS). E isso implicará uma ainda maior concentração de uma indústria já muito concentrada, já que 67,7% de toda a indústria estará nas mãos de apenas três gestoras: iShares, Amundi-Lyxor AM e Xtrackers.

Fonte: Morningstar Direct.

Ainda que não seja da mesma dimensão, também implica uma mudança no ranking de gestoras de ETF a nível mundial. Em concreto, segundo os dados da Morningstar, a quota de ambas as gestoras neste mercado será de 2,16%, o que a colocará no sétimo lugar do ranking de gestoras de ETF, precisamente por detrás da Nomura e à frente da Xtrackers.

Mudanças que implica no ranking de gestão ativa

Não obstante, a operação não implica grandes mudanças quando se analisa só o ranking de gestoras ativas já que o negócio da Lyxor está maioritariamente centrado na gestão passiva, mas modifica em parte, quando não se diferencia entre gestão ativa e passiva.

Por exemplo, na Europa, e sempre segundo os dados da Morningstar ao fecho de novembro, a BlackRock/iShares têm uma quota de mercado de 9,75% e agora a união da Amundi e Lyxor soma-se uma quota de 4,79%, ampliando assim a diferença com a terceira do ranking: a J.P. Morgan AM, com 3,29%.

As maiores gestoras da Europa (dados de património de milhares de milhões de euros)

Fonte: Morningstar. Dados de 30 de novembro. Incluem-se fundos europeus e ETF (tambiém monetários), mas não fundos de fundos nem fondos feeder.

A nível global, a Amundi ocupa o lugar número 13 no ranking de gestoras (incluem-se tanto fundos como produtos monetários e ETF, mas não fundos feeder nem fundos de fundos) e com a compra da Lyxor ficará no mesmo lugar já que não alcançará os 1,30% de quota da PIMCO, que ocupa o lugar número 12 no ranking.