Carlos Massaru avalia que o momento vivido pelos gestores e investidores brasileiros se assemelha a um grupo de peixes que precisa deixar o conforto de um aquário para se lançar no mar aberto.
Perante as transformações da economia brasileira, o momento para a indústria de fundos de investimento é de transição. “Todos nós estávamos num aquário com temperatura boa, comida, e agora temos que ir para o mar onde há oportunidades interessantes, mas traz novos riscos. Isso nos causa apreensão e fascínio. Como vamos navegar nisso?”, questionou Carlos Massaru, vice-presidente da ANBIMA e director-presidente da BBDTVM, durante o 7º Congresso ANBIMA de Fundos de Investimento, em São Paulo.
O mercado, na sua visão, mostrou que está preparado para as mudanças, e isso ficou evidente durante a crise financeira de 2008, quando a indústria de fundos brasileira foi a que menos perdeu patrimônio líquido em comparação com outros países. Em Maio de 2012, a mudança no cálculo de remuneração da caderneta de poupança, com o objectivo de manter um equilíbrio entre a atractividade da poupança e dos fundos indexados ao certificado de depósito interbancário, iniciou uma discussão sobre a diversificação do sector.
No ano passado, os produtos com gestão activa foram os que mais tiveram sucesso, e esta modalidade começa a adquirir mais relevância na indústria. Com o imperativo da diversificação, alguns produtos de longo prazo passaram a ganhar espaço, como fundos de previdência complementar aberta, fundos imobiliários e fundos de participações. “Com alocações pequenas, começa a diversificação”.
O momento traz novos riscos, mas no longo prazo deve ocorrer um avanço importante no processo de decisão dos investidores. “A ANBIMA tem liderado iniciativas para a protecção do investidor”, afirmou. Além do programa de certificação dos profissionais do mercado, ele citou os códigos de autorregulação desenvolvidos pela entidade como, por exemplo, o recém-lançado Código de Produtos de Investimento no retalho.
Na sua opinião, um dos principais pilares para o desenvolvimento da indústria é a educação financeira, que ajudará o investidor a encontrar novas alternativas de investimento. “Temos que fazer a transição do mundo focado em produto para um mundo focado em clientes; de um mundo focado em aplicação para um mundo focado no planeamento financeiro; do foco em informação para o foco em educação.” Estes esforços aumentarão o nível de confiança do investidor no mercado, o que garantirá o crescimento sustentável da indústria, declarou Massaru.