Gestoras de activos salientam menor aversão ao risco dos investidores e aposta na diversificação das aplicações.
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O saldo positivo acumulado este ano nos fundos de investimento mobiliário ainda não é encarado como um sinal de viragem na indústria pelas gestoras de activos, nomeadamente dadas as incertezas que persistem na Zona Euro, mas evidencia uma menor aversão do risco e uma preocupação crescente com a diversificação.
O crescimento de 6% nos valores dos activos geridos pelos fundos de investimento nacionais desde início do ano, e o saldo acumulado de subscrições líquidas de cerca de 83 milhões de euros, “parecem indiciar o início de uma recuperação da indústria e poderão estar associados à necessidade, por parte dos investidores, de procurarem alternativas de diversificação das suas aplicações”, refere a Caixagest, à Funds People Portugal.
Tal acontece “após um período de direccionamento das mesmas para depósitos a prazo, que sofreram uma quebra na sua remuneração”, acrescenta. Um facto que é também mencionado pela Millennium Gestão de Activos, que refere que tem vindo a “percepcionar uma alteração, ainda que subtil, no comportamento financeiro dos portugueses: a reorientação do investimento, por parte dos aforradores, para instrumentos de menor risco, sem garantia de capital, em particular os fundos de investimento mobiliário de tesouraria”. E estima que, a manter-se a actual conjuntura, “o investimento em fundos de investimento mobiliários apresente um incremento significativo em 2013”.
Os produtos mais procurados pelos clientes de ambas as gestoras são também idênticos. “É visível, no último trimestre, um interesse crescente pelo FEI de tesouraria Millennium Extra Tesouraria III, e outros fundos de baixo risco”, refere a do grupo BCP.
Na Caixagest são as aplicações feitas na categoria de fundos de mercado de monetário as que têm maior aumento percentual nos volumes geridos, sendo os fundos que mais crescem o FEI Caixa Monetário e o Fundo Caixagest Liquidez. “No momento actual, em que os investidores estão colocados perante o desafio de potenciarem a rendibilidade das suas aplicações num contexto de elevada incerteza”, é onde os fundos de investimento “assumem particular relevância, através de uma abordagem diversificada e de controlo de risco permanente”, salienta a gestora do grupo CGD.
Destacada acção do BCE
Apesar da retoma a que se tem assistido existem ainda muitos riscos e incertezas que não permitem às gestoras de activos nacionais considerar que se assiste já a uma inversão de tendência na indústria. “Parece-nos que ainda não estamos num ponto de viragem em termos de percepção de mercado, mas antes numa conjuntura que circunstancialmente atenua a aversão ao risco ainda generalizada”, refere a Millennium Gestão de Activos.
O mecanismo de intervenção anunciado pelo BCE em Agosto, que permite que um país solvente em dificuldades de financiamento se consiga refinanciar no mercado, é considerada uma “das medidas mais importantes desde o início da crise” por Pedro Mello e Castro, administrador da Banif Gestão de Activos, com Susana Vicente, ‘head of investment department’ da ESAF a destacar, além do contexto mais definido de intervenção do BCE, a mobilização dos agentes europeus para criar um supervisor comum do sector bancário, que “tem sido encarado como um ‘game changer’ e é na realidade um grande passo na direcção certa para os mercados financeiros”.
Também José António Gonçalves, director da Montepio Gestão de Activos, salienta que, apesar de nos mercados periféricos o sentimento de mercado ser ainda algo pessimista, “reflectindo o impacto psicológico das medidas restritivas já implementadas ou anunciadas”, num aspecto podemos ter uma opinião mais positiva: “estão a ser tomadas medidas, quer nos países periféricos, quer ao nível das entidades europeias, que parecem começar a produzir resultados, pelo que podemos estar perto do ponto de viragem”.
Num cenário de crescimento macroeconómico mais sustentado, “ com os Estados a reduzirem progressivamente o seu endividamento e as empresas a melhorarem as suas margem de lucro, é possível que o interesse pelo investimento em acções aumente”, refere Virgílio Garcia, gestor do BPI, considerando que o regresso dos investidores especificamente aos fundos de acções “estará dependente da redução da incerteza global. No caso de uma actuação reforçada do BCE através de políticas de estímulo monetário poderemos assistir a uma retoma gradual dessa confiança”, sublinha.