Num pequeno-almoço promovido pela Carmignac, no Porto, quatro profissionais partilharam as suas perspetivas macroeconómicas e demonstraram-se otimistas. Mas, num mundo em constante mudança, também consideram essencial ser-se cauteloso.
Num pequeno-almoço promovido pela Carmignac em parceria com a FundsPeople, realizado no Porto, ficámos a conhecer as perspetivas macroeconómicas e as perspetivas para o mercado de crédito de Ramón Carrasco, business development director da Carmignac, Luís Mateus, responsável de Obrigações da Golden Wealth Management, Francisco Falcão Castro, responsável de Investimentos da Hawkclaw Capital Advisors e Eduardo Monteiro, gestor na BPI Gestão de Ativos. Entre os vários temas que surgiram, a incerteza quanto ao futuro foi o que mais suscitou preocupação.
Para Ramón Carrasco, a economia está bastante forte, ainda mais do que se esperava, e as perspetivas são bastante positivas, atribuindo este cenário positivo à política monetária e ao défice orçamental dos países em desenvolvimento. Apesar disso, o profissional da Carmignac afirma também que “o mercado está a mudar demasiado e muito depressa. Por isso, talvez daqui a seis meses tenhamos um cenário diferente”.
O que nos reserva o futuro? Para Luís Mateus, a inflação representa um elemento fundamental para compreender as mudanças na política monetária. “Creio que a rigidez desta inflação, que vai e vem numa espécie de ondas, se manterá durante os próximos trimestres”, prevê, afirmando também que “devemos ser cautelosos relativamente aos desenvolvimentos nos próximos tempos”.
Além da inflação, destaca também as questões geopolíticas como algo que poderá ter impacto no futuro. “Estas tensões podem causar e acrescentar alguma rigidez ao fenómeno da inflação”, explica. Ramón Carrasco concorda, destacando a preponderância do setor energético. “O petróleo continua próximo dos 90 dólares por barril e isso pode levar a mais ruído, a mais inflação”.
Por sua vez, Francisco Falcão Castro afirma que, em termos económicos, está otimista. O profissional acredita que a Europa, o Reino Unido e a China estão a chegar ao final da fase de contração em termos de ciclo económico. “Os EUA estão um pouco atrasados, uma vez que têm sido mais resistentes em termos económicos”. Já Eduardo Monteiro acredita que “é muito difícil fazer projeções no atual contexto, não se deve ler demasiado sobre os dados económicos do momento, mas antes tentar juntar a leitura de vários dados económicos e construir uma visão de puzzle. Um dos aspetos atualmente mais importante é a análise do mercado laboral “está a tornar-se um pouco menos rígido na Europa e nos Estados Unidos e isso deverá desempenhar um papel essencial no futuro controlo da inflação”.
Olhando precisamente para a Europa e para os EUA, Luís Mateus acredita que o BCE irá cortar as taxas em junho ou julho, “se os dados lhes permitirem fazer isso e se não virmos alguma subida de preços no produtor e no consumidor ou números melhores na economia”, afirma.
Francisco Falcão Castro concorda que em junho iremos assistir a alterações de política monetária. Porém, não acredita que será um movimento isolado: “Normalmente, quando se inicia uma dinâmica de redução das taxas, tem-se um objetivo específico”. Na sua opinião, “a inflação americana vai remotar a dinâmica em baixa” e isso permitirá que a Fed avance no final do ano com dois a três cortes nas taxas de juro. “Na Europa, o mais provável é que comecemos em junho”, afirma.
Eduardo Monteiro acredita que “é provavelmente mais fácil de perspetivar os cortes de taxas de juro na Europa que nos EUA”, uma vez que sendo uma economia menos dinâmica e com alguns problemas estruturais, é mais urgente a redução de taxas de juro para fomentar a atividade económica. Além disso, afirma, que a inflação é mais fácil de controlar na Europa porque “o mercado de trabalho não está tão constrangido como nos EUA, uma vez que não existiu redução da população ativa após a pandemia, algo que não acontece nos EUA.
Tendo isto em conta, é da opinião de que as expetativas de mercado quanto à evolução das taxas de juro estão corretas, sendo “provavelmente mais acertado dizer que o BCE vai cortar taxas primeiro que a Reserva Federal norte-americana”.